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Sou muito crítico a categoria de técnicos brasileiros. Nunca generalizo, para não ser injusto. Mas vejo um atraso gritante dos nosso profissionais com relação ao que se faz no mais alto nível mundial. O fato de nenhum treinador do Brasil ser cotado para assumir nem ao menos um time médio europeu não me deixa mentir. E repare que me refiro a time médio. Um clube gigante mundial, então, acredito que nem se fizer uma listagem de vinte possíveis nomes colocará um profissional do nosso pais nesta lista.
Posto isso, e apesar disso, o nosso melhor profissional é Tite. Com suas qualidades, que são muitas. E com seus defeitos, que para mim são suportáveis. Coloco ‘defeito suportável’ porque no final das contas é isso que segura qualquer relacionamento. Seja ele pessoal, seja ele profissional – neste caso Tite (treinador) e eu (jornalista).
Entendo que o resultado em campo é fruto de um trabalho muito complexo do técnico. Amo estudar tática, estratégias, modelo de jogo, princípios e sub-princípios operacionais de ataque, defesa e de transições. Entretanto, quanto mais estudo tudo isso mais entendo que o jogo não se resume a isso. O trabalho de um técnico fica muito evidente com escalações e alterações, porém ele vai muito além disso.
Tite é um mestre na arte das relações interpessoais. Essa é sua principal virtude – em segundo lugar vem a competência em armar grandes defesas, um atributo que ele carrega desde o início de sua carreira. E a maneira com que Tite faz a gestão do ambiente se sobrepõe, por exemplo, à dificuldade em criar conceitos ofensivos. É nítido que a seleção brasileira apresenta dificuldades em furar boas defesas. Só que o trabalho de Tite é bom, apesar disso.
Vamos combinar, caro leitor: não existe técnico perfeito!
Reconheço que Tite em alguns momentos exagera nas figuras de linguagem, mas sua comunicação é muito boa. Também o seu trato diário com todos os funcionários, passando por massagistas, jogadores e chegando nos dirigentes é excepcional. E acredite: isso faz toda diferença! Isso faz sim uma equipe, ou uma seleção, ganhar. O bom técnico é aquele que tem boas competências profissionais técnicas, como entender de tática, metodologia de treino, ter boa leitura de jogo, mas também aquele que sabe liderar pessoas, gerir recursos humanos. E Tite é um mestre nisso.
E vamos lá: depois de Tite quem é o melhor aqui no Brasil? Tenho dificuldade para responder. Não vejo ninguém nem perto dele. Mano Menezes? Tem os mesmos problemas de ideias ofensivas e não é tão eficaz na gestão do ambiente. Renato Gaúcho? Não sinto firmeza na intenção do trabalho dele. O bom momento do Grêmio é muito mais fruto do que o clube produz do que do trabalho em si de Renato. Para mudar esse meu conceito gostaria de vê-lo triunfar em um outro cenário, onde ele não seja o maior ídolo da história. Enfim, Tite não está a altura hoje de dirigir um Manchester City, um Liverpool, um Barcelona. Mas é o melhor nome entre os profissionais nascidos em território brasileiro. Sabendo do conservadorismo da CBF em ser relutante a abrir a nossa seleção para um estrangeiro: fica Tite!

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