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Dentro da complexidade do futebol não há apenas um elemento que resulta em sucesso ou em fracasso. Tudo conta e tudo compõe, incluindo os mínimos detalhes, um trabalho que dá certo e um que dá errado. A trajetória de um treinador dentro de um clube também acompanha essa linha. Luiz Felipe Scolari não foi campeão brasileiro no Palmeiras em 2018 apenas pelo seu carisma, por exemplo. E também não viu seu time desmoronar neste ano apenas por “falta de repertório”, como disseram muitos. Tudo conta. Tudo compõe.
Para simplificar e tornar didático, quero dividir as competências de um treinador em dois grandes temas: as competências técnicas e as de gestão do ambiente. Para mim é a junção do êxito nessas duas grandes áreas que faz um treinador ganhar títulos de forma recorrente.
As competências técnicas são as específicas de dentro das quatro linhas. Primeiramente, um treinador deve ter uma ideia de jogo. Saber o que quer de sua equipe em campo em todos os momentos do jogo, com e sem a bola. Passa por isso uma avaliação inteligente do elenco disponível para que seja extraído o melhor de cada peça. Também conta aqui uma flexibilidade do treinador em seu conceito de acordo com o que a equipe for respondendo no dia a dia.
Após isso, são necessários conhecimentos de metodologia de treino para operacionalizar as ideias. E é fundamental também uma leitura de jogo apurada para entender como superar as fraquezas dos adversários e para alterar a própria equipe de acordo com as circunstâncias de cada partida.
Já as competências de gestão do ambiente tem a ver com a liderança, a comunicação e as relações interpessoais do treinador. O bom trato com o atleta, com os dirigentes e com a imprensa é fundamental para o treinador ser vitorioso. O futebol é um ambiente hostil e cheio de cobranças por natureza. Um técnico que não saiba fazer com eficácia a gestão desse cenário dificilmente terá sucesso.
Quando Felipão voltou ao Palmeiras no ano passado suas habilidades de liderança foram extremamente úteis para a equipe ganhar o Brasileirão. Em campo, ele mudou alguns conceitos, mas havia uma equipe bem treinada por seu antecessor Róger Machado. Porém, para este ano quando se esperava um trabalho de campo mais autoral de Felipão não foi possível termos um jeito muito elaborado de jogar. Nem nos melhores momentos do verdão na temporada vimos conceitos de jogo bem definidos. A qualidade técnica dos jogadores e uma imposição física deles sempre se mostraram as maiores virtudes da equipe.
Mano Menezes chega com o desafio de trazer um frescor ao vestiário e de colocar mais organização a equipe para defender, atacar e fazer transições. No curto prazo, é possível focar mais ou na questão de campo ou na gestão do ambiente. Vai do feeling de quem chega saber identificar rapidamente o problema momentâneo. Mas para um trabalho ser vitorioso no médio/longo prazo é  necessário ter competência nas duas áreas. Muitos técnicos duram pouco tempo nos clubes por sempre focar apenas uma delas.

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