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A dança dos treinadores é uma constante no futebol brasileiro. Sempre surgem estatísticas de quantos técnicos foram demitidos no Brasileirão e o número de trocas é invariavelmente muito próximo do número de rodadas. Há inúmeras análises, explicações e até conclusões que podem ser tiradas a partir disso, mas quero focar aqui em uma desconfortável zona de conforto que isso cria nos técnicos mais medalhões e o quanto o sucesso de profissionais estrangeiros por aqui pode ajudar a mudar isso.
Veja algumas trocas recentes por aqui: Mano Menezes saiu do Cruzeiro e foi para o Palmeiras. Rogério Ceni saiu do Fortaleza, foi para o Cruzeiro e voltou para a equipe cearense. Zé Ricardo estava no Fortaleza e agora no Inter. Esse é um pequeno exemplo, de algumas semanas atrás. Se formos a fundo acharemos um universo ainda maior dessa ciranda nefasta do futebol brasileiro. Qual a motivação para evoluir, estudar e buscar novos conhecimentos que um treinador tem sabendo que ele vai ter emprego rapidamente assim que for demitido?
O que pode (ou deveria) incomodar esses técnicos acomodados – muito por conta da estrutura do futebol brasileiro, em que ainda imperam dirigentes omissos e despreparados – é o sucesso de profissionais de fora do país. Ver Jorge Jesus brilhando no Flamengo e Jorge Sampaoli no Santos deveria doer na alma daquele profissional que consegue até ter um excelente salário, mas pouco ou quase nada cresce e evolui na sua performance profissional. Além de não ter mercado em grandes centros do futebol mundial os técnicos brasileiros estão perdendo até o espaço doméstico.
E vale um testemunho: tenho acompanhado in loco muitas entrevistas. E a diferença do entendimento de jogo de Sampaoli para os demais profissionais é absurda, gritante, um tapa na cara. As explicações dele sobre cada acontecimento da partida são de uma riqueza impressionante.
Podemos achar que esses “gringos” não tem nada o que nos ensinar. Afinal, ganharam o que?! Ao passo que nós somos pentacampeões do mundo. Ou podemos calçar as sandálias da humildade, abrir os olhos, os ouvidos e o coração para aprender com eles. Caso contrário, nossos treinadores daqui a pouco, ao invés de não serem cotados no Barcelona, no Manchester United…, não serão nem mais cotados em Flamengo, Santos e outros etcs.
 

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