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Nenhum sucesso e nenhum fracasso podem ser explicados por um único motivo. No futebol e na vida. O todo é maior que a soma das partes. Sempre. Por isso, tentar resumir o conturbado momento do Corinthians por um ou até mesmo por dois fatores me parece que não traduz muito o que de fato vem acontecendo no clube.
A dificuldade na implementação de ideias e mecanismos ofensivos é o que mais chama a atenção de todos. É inegável que o treinador Fábio Carille não tem conseguido criar maneiras eficazes de levar a bola até o gol adversário. Ele já tentou mudar a escalação, trocar a plataforma de jogo, mas parece que nada fortalece os elos de ligação da equipe no momento de atacar. Aqui moram problemas individuais e coletivos. Nunca é só um motivo e/ou um fator. O treinador não está conseguindo fazer as peças se complementarem e as individualidades não estão entregando o máximo da sua performance técnica, física e mental em favor de um bem coletivo e tático maior.
O ambiente que se gerou com os últimos resultados e até mesmo com algumas declarações de Carille também não está propício a vitória. Expor os jovens atletas e fazer um mea culpa público e sincero do mau futebol da equipe não potencializa em nada o aumento de produtividade. Não quero fazer nenhuma especulação de que o técnico falou o que falou com alguma segunda intenção de sair no ano que vem porque esse não é meu foco aqui. O que quero ressaltar é que uma instabilidade na gestão das relações entre o grupo tem efeito prático e direto no que acontece dentro de campo. Torcida e diretoria são termômetros do que se passa entre comissão técnica e atletas e quando a situação foge muito do controle como está hoje no Corinthians dificilmente há uma arrancada final.
O Corinthians não está em um mau momento apenas por um fator. Não é só Fábio Carille, não são só os jogadores e nem só os dirigentes. E nem vou considerar aqueles que falam que falta ‘raça’. Afinal, o que é raça? Correr errado feito louco em campo só para mostrar ao torcedor uma falsa vontade de vencer?!
Vejo o futebol como algo complexo, sistêmico e transdisciplinar. Tudo conta. O jogo é tudo, ao mesmo tempo: técnico, tático, físico, emocional e se quisermos ir além, é social, espiritual, antropológico, etc. Quem comanda o Corinthians terá que ser cirúrgico para tomar as primeiras atitudes para virar esse jogo. A avaliação passa pelas competências de Fábio Carille e pelo perfil psicológico do elenco. Um bom comandante e jogadores fortes mentalmente são fundamentais para o sucesso no futebol.
 

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