Em notícias de alguns dias, a “Amazon” demonstrou interesse em ter a sua marca colocada na camisa do Flamengo. Quer seja pela fase, pela popularidade do clube, pela penetração maior dos seus produtos no território brasileiro, vários fatores justificam este interesse. No entanto, concentrar-se apenas nestes motivos seria ingenuidade.
Ao passo que avançam as discussões da Lei Geral do Esporte (que pode conferir os direitos de transmissão dos jogos para a equipe que tem o mando de jogo), a gigante da internet vê no Rubro-Negro carioca (e vice-versa) oportunidades financeiras e de propriedade bastante promissoras. Afinal, não seriam apenas os jogos transmitidos, mas sim todo e qualquer conteúdo relacionado ao clube: o dia a dia, variedades e outros produtos, a exemplo da série com a seleção brasileira masculina nos bastidores da Copa América de 2019. Com base na Teoria da Comunicação Estratégica do Esporte (Pedersen, Laucella e Miloch), o conteúdo gerado pelo futebol é infinito, e a “Amazon” se basearia nisso.
Simultaneamente, o clube vê nesta parceria uma plataforma que aumenta o poder de barganha face a grupos de mídia concorrentes, além de ela oferecer projeção e difusão internacional, o que contribuiria a posicionar a marca “Flamengo” em um mercado global. Não se trata da internacionalização da marca, que talvez possa vir em um outro momento, mas sim ter o seu emblema ao lado de outros exponentes do mercado para potencializar a imagem de grandeza à organização esportiva (Flamengo).
Portanto, imaginar que a exposição da marca da camisa é o principal interesse de um investidor em um clube de futebol, é não se dar conta do conteúdo ilimitado que uma equipe profissional, de torcida numerosa e renomado palmarés é capaz de proporcionar. Inclusive se, daqui alguns anos, o Flamengo queira se dar ao luxo de não ter nenhuma marca estampada em seu manto, a fim de valorizá-lo, poderá assim fazer.
Em tempo: acredito que todos os torcedores sonham em ter a camisa do seu clube sem qualquer marca.
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Em tempo, mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“Nenhuma emissora de televisão parece se importar com os torcedores, os seguidores de um time. Mas sem o barulho e a cantoria dos torcedores, o futebol não seria nada. Futebol se trata de paixão. Sempre será sobre paixão. Sem paixão, o futebol está morto. Sem os torcedores, o futebol seria apenas 22 homens correndo atrás de uma bola. Uma merda, em outras palavras. São os torcedores que tornam o futebol importante.”
Faixa da “Curva Nord”, ultras da Internazionale, de Milão/ITA,
em referência a passagem do livro ‘The Football Factory’, de John King
(foto abaixo)