Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu;
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Eclesiastes 3: 1-8
Por conta da COVID-19 o futebol está parado em praticamente o mundo todo. Campeonatos, transferências, as atividades corriqueiras da bola. As diárias discussões no rádio, TV e internet caíram bastante, até mesmo porque pouca coisa acontece. Ao mesmo tempo o conteúdo histórico é infinito e, percebe-se isso haja vista a programação dos veículos de comunicação, dos podcasts nestes tempos que precisamos nos resguardar e proteger a quem mais amamos. Em tempos que nos faz repensar sobre muita coisa, rever valores e os relacionamentos com quem nos é importante. Sobre como caminha a humanidade e para onde ela irá.
Assim também é no futebol. Tempos de rever para onde leva a ambição desmedida que coloca em risco a vida dos futebolistas e suas famílias. Dos torcedores também. Da urgência pelo respeito e pelo bom senso na condução das relações pessoais e profissionais a fim de preservar o que temos de mais importante: nosso bem-estar e paciência. De agir com profissionalismo e sensatez.
Estes tempos nos escancaram que não se tem o controle de todas as coisas, muito pelo contrário, estamos expostos e suscetíveis. Assim sendo, os resultados em campo também não estão no controle, afinal todos querem vencer. É preciso lidar com as situações e, com muito trabalho e paciência, superar e seguir. O que é mais importante: a vitória descabida e imediata (efêmera e insustentável) ou a certeza do propósito (porque você é o que é), a noção do pertencimento, a sua identidade, de saber de onde se veio, onde se está e para onde se vai?
Existir, simplesmente.
Diante disso, apesar da incerteza destes tempos, que sejam eles para quebrarmos paradigmas e tabus a fim de preservarmos o futebol e os seus elementos mais importantes: o atleta e o torcedor. Há quem diga que este cenário é difícil de acontecer, mas há tempo pra tudo e, para o bom convívio e entendimento, já não cabem mais as velhas práticas, sejam elas nas relações pessoais, profissionais, na gestão do esporte e, especificamente, na do futebol. O contrário significaria retroceder. E acredito que estes tempos, atuais, não queiram nos ensinar isso: retroceder. Nunca.
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Em tempo, mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“Vamos trocar de roupa rapazes e mesmo que o tempo esteja inclemente e vocês caírem,
tem coisas piores na vida do que um simples tombo na grama, e a vida é mesmo um jogo de futebol.”
Walter Scott (1771-1832)
poeta e romancista escocês