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Salve, salve amantes do futebol! Na coluna anterior falamos sobre a importância do treinador conhecer e dominar os diferentes contextos de atuação, a fim de que tenha uma prática eficaz. Nesta, falaremos sobre os perigos do “autodidatismo” dos treinadores brasileiros e como podemos contribuir para recalcular essa rota.

A trajetória de um treinador esportivo não é linear, sendo cheia de altos e baixos. Em algumas fases da carreira, é possível sentir o desenvolvimento e o crescimento profissional, já quando chegam as derrotas, demissões, “rebaixamento” de cargos, o treinador precisa ter paciência e clareza para compreender que todos passam por isso e que momentos como esses são essenciais para sua aprendizagem. Porém, quem vai dizer isso a ele? Quem pode treiná-lo para refletir e digerir essas situações da melhor forma?

Treinadores brasileiros mais experientes, ao refletirem sobre suas trajetórias, talvez estejam pensando que aprenderam a passar por isso sozinhos e que, por isso, todos também devem passar. Será? Será que ser autodidata durante toda sua carreira é o melhor, ou o único, caminho para o desenvolvimento do treinador? Por outro lado, será que ser guiado e mediado durante toda carreira também pode trazer como consequência um perfil de treinador limitado e pouco preparado para a dureza da profissão?

O fato é que os dois extremos são perigosos. Um processo de desenvolvimento do treinador demasiadamente mediado e formal pode tirar a sua autonomia e podar o seu talento. Em contrapartida, um treinador exclusivamente autodidata (situação mais frequente na construção da carreira da maioria dos treinadores de futebol no Brasil), terá uma defasagem na sua formação, principalmente no início de sua carreira, momento em que mais necessita de mediação e formação. Mas afinal, como fazer para “recalcular essa rota”, já que a maioria experiente já é autodidata e muitos que estão iniciando uma trajetória?

Diante de um cenário tão heterogêneo em que alguns são graduados em educação física e outros não, alguns são autodidatas e outros não, alguns são ex-atletas e outros não, podemos entregar as seguintes sugestões:

a) Pesquisar sobre toda a aprendizagem que os mais experientes (autodidatas) vivenciaram durante suas trajetórias e sistematizar esse conhecimento para transmitir em cursos formais para iniciantes

b) Esboçar um currículo de formação para uma escola de treinadores na qual exige-se que, no início da trajetória, o treinador aprenda a aprender e aprenda a refletir, para que quando mais experiente desenvolva a capacidade de extrair aprendizagem de forma autônoma (fase na qual ser “autodidata” se torna mais salutar)

c) Identificar lacunas de aprendizagem em treinadores intermediários e colocar nas ementas de cursos de formação

d) Conscientizar treinadores que ser um autodidata supercompetente é exceção e não regra, e que o caminho pode ser encurtado, ao se aprender com erros já cometidos pelos mais experientes

e) Conscientizar treinadores mais experientes a buscarem suportes de aprendizagens com MENTORIAS de profissionais que sejam referência para estes mais experientes.

Fez sentido? E você, em que fase está e como procura se desenvolver? Traga mais sugestões! Continuaremos na semana que vem com mais uma coluna sobre treinar o treinador. Grande abraço e até lá!

Sobre o autor

Gabriel Bussinger é treinador e instrutor da CBF academy. Mestre em Educação Física pela UFSC, com 3 pós graduações na área. Já atuou em categorias de base e profissional, no Brasil e Dinamarca. Possui as licenças C e B da CBF e é parceiro de conteúdo da Universidade do Futebol.

Acompanhe as redes sociais do Gabriel Bussinger: YouTube Telegram; Podcast – Diário do treinador; Instagram

Referências

JARVIS, P. Democracy, lifelong learning and the learning society: Active citizenship in a late modern age. Abingdon: Routledge, 2008.

http://149.28.100.147/udof_migrate/especial-a-importancia-de-um-curriculo-do-treinador-de-futebol-parte-final/

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