Todo treinador tem uma ideia de jogo preferida. Um modelo com princípios e sub-princípios ofensivos, defensivos e de transições com que tenha mais afinidade. Mas como não há uma única maneira capaz de levar equipes à vitórias, o bom técnico é aquele que consegue adaptar suas ideias ao contexto e, principalmente, aos jogadores que tem a disposição.
O olhar primeiramente para dentro é fundamental e pré-requisito para o sucesso. Não há como ter uma ideia fixa inicial , por melhor que ela seja, e querer que um grupo execute-a, sem respeitar e entender as características individuais. É infinita a riqueza que cada jogador tem a oferecer. O treinador que mais se aproxima do êxito é aquele capaz de identificar as potencialidades disponíveis e a partir disso criar sistemas e mecanismos.
E partindo do jogador para a equipe, do indivíduo para o coletivo, passamos a ter outra situação que também é riquíssima: a sinergia entre os jogadores. Para exemplificar: nenhum 1-4-4-2 é igual. Equipes podem ter a mesma estruturação no espaço de jogo, mas elas essencialmente serão diferentes por conta das características de cada jogador e o que emerge da relação entre eles. Quando vemos um time potencializando o que cada indivíduo tem de melhor parece que ao invés de onze há quartorze, quinze jogadores em campo. Por outro lado, quando há um esforço e um gasto de energia muito acima do normal a impressão que passa é que o time está com um, dois, até três jogadores a menos.
Convicção e confiança são fundamentais em qualquer profissão. E, claro, no futebol não é diferente. Contudo, vale mais acreditar e confiar no próprio trabalho, no processo a ser desenvolvido, do que em ideias pré-concebidas. Olhar para o grupo, para a cultura, para o ambiente e para o contexto é fundamental para aumentar as probabilidades de vitórias. Guardiola, Klopp, Mourinho e tantos outros profissionais de sucesso foram mudando no decorrer dos anos e dos clubes. A flexibilidade e a inteligência circunstancial são as chaves para o triunfo no futebol atual.