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Crédito imagem – Site oficial Sport Club do Recife

O futebol é uma modalidade esportiva coletiva amplamente praticada no Brasil por diferentes faixas etárias e níveis competitivos. Podemos observá-lo em diversos contextos de prática, como os ambientes formais (escolas), não-formais (escolinhas, clubes, federações) e informais (rua, praça, praia).

Uma característica comum dos programas de esportes consiste em agrupar os jogadores pela idade cronológica para a composição das equipes que participarão das competições institucionalizadas. Por exemplo: os jogadores da categoria sub-12 são todos aqueles sujeitos que completarão 12 anos dentro do mesmo ano civil. Ou seja: dentro de uma mesma categoria de jogo, podem participar futebolistas que nasceram entre os dias 1 de janeiro e 31 de dezembro. 

Porém, a adoção da referida estratégia tem se tornado problemática, pois entre os 12 e 16 anos os jovens jogadores passam por intensas mudanças nas estruturas corporais, sendo que sujeitos maiores e que amadurecem precocemente apresentam melhores resultados nos indicadores de tamanho corporal (MALINA et al., 2000) e no desempenho em tarefas esportivas (COELHO-E-SILVA et al., 2010), quando comparados com os jogadores atrasados nos processos de crescimento físico e de maturação.

Dadas as referidas variações nas estruturas corporais, os futebolistas que nasceram nos primeiros meses do ano tendem a apresentar vantagens cognitivas, físicas e emocionais em relação aos jogadores que nasceram nos últimos meses do ano, o que pode favorecer uma maior representatividade nas equipes esportivas dos jogadores nascidos nos primeiros meses do ano.

A partir dessas informações, surge a dúvida: os futebolistas brasileiros que nasceram nos primeiros meses do ano são aqueles que jogam nas melhores equipes europeias?

Para refletirmos sobre esse questionamento, buscamos no artigo de Mendes e colaboradores (2021) identificar os efeitos da idade relativa sobre a participação de futebolistas brasileiros atuando em equipes europeias. Foram coletadas informações provenientes de 309 jogadores brasileiros que atuam nas dez principais ligas europeias, respectivamente – Espanha, Alemanha, Inglaterra, Itália, França, Rússia, Portugal, Ucrânia, Bélgica e Turquia, conforme o ranking da UEFA de coeficientes de clubes por país (referente a temporada 2016/2017).

A partir de análises estatísticas, identificamos que os futebolistas que nasceram no segundo (abril a junho) e terceiro (julho a setembro) trimestres do ano tiveram uma maior chance de atuar em uma equipe que disputava a Liga dos Campeões, competição principal, do que em uma equipe que jogava a Liga Europa, competição secundária.

É importante destacar que a análise estatística empregada não considerou a posição de jogo do futebolista. Acreditamos que essa informação poderia nos auxiliar a compreender os efeitos da idade relativa entre as diferentes posições de jogo, que trazem consigo diferentes características.

Considerando os dados previamente publicados na literatura, somados aos achados da nossa investigação, observamos que os jogadores que nascem no primeiro semestre do ano têm maiores probabilidades de serem identificados como talentosos, por apresentarem um desempenho superior nas idades iniciais. Já os jogadores que nasceram no segundo semestre do ano podem acabar tendo menos oportunidades de treinamentos tático-técnicos qualificados, o que coletivamente pode acarretar em prejuízos ao desenvolvimento esportivo. 

Em síntese, sugere-se aos treinadores que trabalham com jovens futebolistas a adoção de uma visão multifatorial do desempenho esportivo, pois enviesar os processos de prospecção e seleção de talentos desconsiderando possíveis efeitos da idade relativa pode trazer resultados imediatos dentro de campo a partir das momentâneas vantagens competitivas que o tamanho corporal ocasiona e uma super representatividade dos nascidos no primeiro semestre do ano em equipes de futebol, mas o desenvolvimento tático-técnico e as oportunidades em treinos de qualidade devem ser acessíveis a todos os praticantes.

Link para o artigo completo

Referências consultadas

COELHO-E-SILVA, M.J.; FIGUEIREDO, A.J.; SEABRA, A.; NATAL, A.; VAEYENS, R.; PHILIPPAERTS, R.; CUMMING, S.; MALINA, R.M. Discrimination of U-14 soccer players by level and position. International Journal of Sports Medicine, v. 31, n. 1, p. 790-796, 2010.

MALINA, R.M.; REYES, M.P.; FIGUEIREDO, A.J.; COELHO-E-SILVA, M.J.; HORTA, L.; MILLER, R.; CHAMORRO, M.; SERRATOSA, L.; MORATE, F. Skeletal age in youth soccer player: implication for age verification. Clinical Journal of Sport Medicine, v. 20, n. 6, p. 469-474, 2010.

MENDES, C.; MENEGASSI, V.; JAIME, M.; COSTA, L.C.A.; MARQUES, P.G.; RECHENCHOSKY, L.; RINALDI, W.; BORGES, P.H. Impacto do tamanho corporal, da idade relativa e do índice de desenvolvimento humano sobre a participação de futebolistas brasileiros na Liga dos Campeões da UEFA. Retos, v. 39, n.1, p. 271-275, 2021.

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