Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Crédito imagem – Lucas Figueiredo/CBF

Se ainda há, no futebol brasileiro, algum diferencial destacadamente positivo em comparação a outras nações, ele se situa na faixa etária entre o nascimento e os 10 a 12 anos de idade para os meninos e, um pouco mais, talvez entre 12 e 15 anos, para as meninas. Ao longo desta série de textos argumentaremos a respeito disso. Neste primeiro, porém, daremos alguns passos atrás para fazer uma análise do nosso futebol, que nos ajudará a construir esses argumentos.

Por muitos anos o futebol brasileiro dominou o cenário futebolístico mundial. Especialmente entre as décadas de 1950 e 1970, a hegemonia foi total. De 6 Copas do Mundo possíveis, o Brasil chegou à final em quatro, conquistando 3 delas. Um domínio técnico avassalador. Em outro período também nos destacamos em termos de resultados. Entre 1994 e 2002, o Brasil participou das três finais, vencendo duas. No entanto, nos últimos quatro ciclos mundiais estivemos mais distantes do topo da modalidade. Será que aquele foi o último período de glórias canarinhas? Esperamos que não. Mas é importante que façamos uma reflexão crítica e constante sobre todo o processo do futebol brasileiro, que vai muito além do desempenho das nossas seleções nacionais, masculinas, femininas e de base, embora elas deem alguns indicativos. É possível que consigamos nos próximos anos seleções fortes que cheguem às finais e conquistem títulos importantes. Mas como profissionais do futebol, queremos mais. Precisamos de muito mais do que isso.

Escrevo este texto como uma provocação para pensarmos no processo como um todo do futebol brasileiro – e, por que não, talvez, do esporte brasileiro? – como uma autoanálise nacional, que exige uma volta em nossa linha do tempo para buscarmos compreender de onde vieram os nossos sucessos e de onde vieram as nossas mazelas e traumas.

Minha intenção aqui é chamar a atenção para um período muitas vezes esquecido, pouco pensado e debatido no futebol brasileiro, que é a iniciação esportiva. O começo da vida esportiva das crianças, que, dentre elas, surgirão craques do atletismo, skate, surf, voleibol, natação, basquetebol e, em especial, do futebol. Meninos e meninas com talento extraordinário que brilha os olhos de quem é apaixonado pelo jogo mais popular do país. Ao percorrer as diversas regiões e cidades brasileiras encontramos inúmeros exemplos dessas crianças atualmente, como ocorreu, também, na história do Século XX, provavelmente, em ainda maiores proporções que nos dias de hoje.

Seria um erro científico apontar que essas crianças nasceram com o dom de jogar futebol. Seria, inclusive, um erro estratégico pensar assim. Pois, caso assim fosse, não teríamos o controle de potencializar ou atrapalhar esse processo. Apenas esperaríamos o talento aparecer para inseri-lo em nossas equipes. Talvez, essa estratégia tenha funcionado por muitos anos. No entanto, o mundo está globalizado e os conhecimentos sobre a formação de jogadores inteligentes para o jogo, atleticamente bem preparados e equipes competitivas está cada vez mais difundido. Por isso devemos refinar essa estratégia para acompanharmos essas evoluções, sem deixar de reforçar os nossos diferenciais positivos históricos, que nos trouxeram até o patamar a que chegamos em alguns períodos, para que o futebol brasileiro continue nos encantando e nos dando alegrias. Além disso, devemos enxergar o esporte, e o futebol brasileiro, em especial, como uma potente estratégia de educação das crianças, visando um melhor desenvolvimento humano e social de que o Brasil tanto carece.

Mas como podemos fazer tudo isso? Por que comecei o texto dizendo que nosso diferencial reside entre os 0 e 10 a 12 anos para os meninos e entre os 0 e 12 a 15 anos para as meninas? O que acontece nesse período de vida dessas crianças e adolescentes para que eles possam aparecer em escolas de futebol e clubes como talentos?

As respostas dessas perguntas estão relacionadas à forma como, historicamente, aprendemos a jogar futebol. Vale a pena fazermos essa autoanálise coletiva, para o bem do nosso esporte e, sobretudo, para o bem das crianças e jovens que se inserem nele!

No próximo texto continuaremos essa reflexão!

Até lá!

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso