Com a seleção brasileira parada por tanto tempo havia pouco o que falar do técnico Tite, do seu trabalho e dos seus ‘selecionáveis’. Serão quase sete meses sem atuar. Mas com as Eliminatórias voltando e a convocação da última sexta-feira, não fica mais tão ‘forçado’ falar do comandante do time pentacampeão.
Isso porque Tite deu uma ‘sumida’ intencionalmente – nada do que ele faz é sem intenção (e isso é formidável!) – porém até o final do próximo ano, com a Copa do Mundo no Qatar, ele estará na ‘berlinda’.
Pra começo de conversa Tite é atualmente o melhor técnico nascido no Brasil. Disparado. Nem consigo pensar em quem é o segundo, tamanha a diferença que há. Isso não quer dizer que eu concorde com tudo que ele faz. Por exemplo, eu jamais convocaria Everton Ribeiro, do Flamengo. Não o vejo como jogador de seleção. Mas tudo bem…Mesmo com Tite fora dos holofotes, tenho recorrido ao trabalho dele em minhas reflexões sobre o momento do futebol e dos técnicos brasileiros. E a trajetória de Tite é algo muito interessante e que traz diversas lições. Mais do que saber cair e se levantar rapidamente – até porque a maioria dos treinadores também tem que obrigatoriamente possuir essa característica – a maneira com que ele reage aos reveses é digna de reflexão: Tite volta melhor depois de baques e decepções!
No início dos anos 2000, as passagens dele por Grêmio, São Caetano, Corinthians, Atlético-MG, Palmeiras e Inter já demonstravam uma profunda assimilação dos erros cometidos e uma rápida correção de rota. E isso pra mim é louvável: quantos técnicos são demitidos sumariamente e voltam com o mesmo estilo de jogo, com as mesmas ideias, a mesma comunicação, estilo de liderança e até as mesmas entrevistas?
O auge disso tudo é quando Tite ganha a Libertadores e o Mundial com o Corinthians em 2012 e após não ir para a seleção brasileira em 2014 como todos esperavam: ele de fato foi estudar em um ano sabático (e não apenas fazer selfies em CTs europeus). A prova é que voltou ganhando o Brasileirão de 2015 pelo próprio Corinthians, jogando um futebol melhor e com mais ideias do que o próprio time que havia batido o Chelsea no Japão três anos antes. A própria seleção brasileira atual mostra uma busca incessante de Tite em agregar os conceitos de jogo mais modernos ao seu repertório.
Se fosse para destacar a principal competência de Tite em um resumo dessa incrível carreira que ele tem, eu colocaria as relações interpessoais. No meio do futebol é muito difícil encontrar alguém que não goste dele. Tite tem a maestria em fazer as pessoas e o ambiente trabalharem a favor dele. E isso ao passo que não é trivial de se conseguir é fundamental para sedimentar conquistas. Entretanto, quero destacar essa busca dele por melhorar. Em ir atrás do conhecimento e fazer diferente sempre. Que Tite seja um exemplo de que a inércia e a incapacidade de refletir são as grandes inimigas da evolução contínua.
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