Estaduais no Brasil – Uma ideia apresentada

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Crédito imagem – César Greco/Palmeiras

Ainda que seja conhecida a dificuldade de se implementar mudanças em alguns segmentos do nosso país, existe uma necessidade de se enxergar o nosso futebol sob um aspecto mais planejado. Assim, buscarei apresentar o esporte preferido dos brasileiros dentro de uma visão macroeconômica.

O que seria inovador em um redesenho dos nossos campeonatos estaduais? E como transformá-los em algo rentável que gere receitas e crie empregos? Para isso, convido-o a repensar – por alguns instantes – a visão atual do futebol existente no país e ampliar o entendimento sobre como, dentro de em um formato estrategicamente construído, poderia impactar decisivamente na economia a ponto de se transformar em um novo setor.

Analisemos o cenário futebolístico de um município qualquer do interior onde exista, ao menos, um clube que dispute um determinado campeonato estadual. A atividade econômica gerada nesse espaço estende-se por meros cinco meses, sendo que apenas nas últimas oito ou dez semanas – dependendo do desempenho do time na competição – existirão a ocorrência de jogos na cidade. Tal situação se repete nas mais diferentes localidades do país. No restante do ano, os amantes desse esporte localizados em cidades interioranas – excetuando, claro, aqueles que se mantém ativos nas competições nacionais – terão de se contentar em assistir jogos pela TV com a economia local deixando de ser favorecida por esse esporte, pois não há geração de empregos ou produção de receitas de forma continuada.

Em um novo cenário a ser redesenhado para o futebol nacional, haveria uma maior rentabilidade para o interior: através de um maior número de jogos em cidades de diferentes portes; do resgate de históricas rivalidades regionais, hoje latentes; e, pela movimentação econômica advinda do trânsito de milhares de torcedores que precisariam de hotéis, de alimentação e de ingressos para estarem presentes nas partidas distantes de seus municípios. Algo que estimularia os setores locais de serviços, de comércio e que hoje encontram-se completamente desprezados na maior parte do ano com relação à essa atividade específica.

O resgate de muitos desses clubes de futebol em cidades interioranas brasileiras poderia ser inspirado com o que ocorre na NBA, pois nesse esporte, os torcedores norte-americanos cultivam uma rivalidade que respinga nas cidades. As do interior desafiam as maiores em jogos que mobilizam um grande contingente de pessoas durante a temporada e isso movimenta positivamente a economia interna. Para citar apenas um exemplo: No Texas, é grande a disputa entre os times de Houston (Rockets), de San Antonio (Spurs) e de Dallas (Mavericks).

Desconsiderar o papel econômico do segmento esportivo na cadeia produtiva dos diferentes países é uma perspectiva reduzida da realidade em que vivemos e que poderia ser melhorada.

Assim, sabendo que os estados brasileiros são divididos em mesorregiões[1], tomemos por base, uma dessas em qualquer um deles. Nesse recorte territorial, existem várias cidades que possuem times de futebol profissional. Ou seja, já está inserido um potencial esportivo – pouco explorado – de geração de receitas advindas dessa rubrica nesses municípios. Imaginando uma ampliação do campeonato estadual em um formato diferente, outras fontes de renda e de oportunidades poderiam surgir.

Supondo agora, a construção de uma disputa em determinada região de um estado qualquer, essa nova competição poderia se iniciar em maio, após a fase final do campeonato estadual do ano corrente. Inicialmente, com os times existentes dentro das diferentes cidades desse espaço onde todos jogariam contra todos. Ao final do certame, provavelmente no mês de agosto, teríamos a classificação final dessa região e os dois primeiros colocados seguiriam para a continuação da competição.

Sabendo que esse mesmo estado possua outras nove regiões, além dessa citada. Isso permitiria uma nova fase da competição composta por vinte clubes (os campeões e vices de cada uma dessas dez regiões) que deveria ser realizada nos meses subsequentes, por exemplo, de setembro a dezembro.

Após o fim das férias anuais do futebol, a partir da metade do mês de fevereiro do ano subsequente, os cinco melhores colocados disputariam – com os principais clubes (2 a 4, dependendo do estado) – o título de campeão estadual. Com a utilização de até dez datas: seis a oito para o enfrentamento inicial dos clubes participantes (variando conforme o estado); uma para as semifinais e mais uma para a final.

Atendendo assim aos anseios desses clubes maiores que sempre desejaram uma competição regional mais enxuta para poderem ter maior tempo para uma pré-temporada adequada e, principalmente, para focarem nos campeonatos mais rentáveis que ocorrem no decorrer do ano: os nacionais e os internacionais. Todavia, satisfazendo também aos menores que, anualmente, pleiteiam um campeonato mais extenso e com um maior período de atividade.

Como todos os estados têm suas divisões por mesorregiões de planejamento, essa nova perspectiva poderia ser facilmente replicada em outras unidades do país. Claro que seria algo de menor amplitude em Alagoas, Espírito Santo ou Santa Catarina pela menor dimensão territorial, porém, necessariamente mais abrangente em São Paulo, Bahia ou Rio Grande do Sul pelo mesmo motivo. Tudo se acertaria com pequenos ajustes e vontade de inovar para o resgate do verdadeiro futebol brasileiro; aquele que ainda pulsa em cada município do nosso país.

Certamente, essa configuração mais ampliada do futebol brasileiro traria desdobramentos para os diversos envolvidos. Algo a ser discutido no nosso próximo texto.

Estaduais no Brasil -Possíveis desdobramentos e benefícios

[1] Mesorregião é uma subdivisão dos estados brasileiros que congrega diversos municípios de uma área geográfica com similaridades econômicas e sociais, que por sua vez, são subdivididas em microrregiões

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