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Crédito imagem – Fluminense/site oficial

Imagine um menino de sete ou oito anos viajando o país, ele foi convidado por alguns dos maiores clubes de futebol do país para participar de avaliações, estão interessados em seu futebol. Se aprovado, o garoto dará o primeiro grande passo para se aproximar do sonho – muitas vezes mais da família do que dele – de se tornar um jogador de futebol. Enquanto vai tentando a sorte, o menino perde uma, duas, três semanas de escola, mas, a prioridade é a bola. Desse modo, segue o garimpo do futebol… Aprovando poucos, descartando muitos e criando um exército de andarilhos mirins.

Esse exército pode chegar a centenas de milhares. Quem tenta em um gigante também bate na porta dos menores, até parar em projetos nos quais é preciso pagar para jogar e viver, ou em alojamentos sem nenhuma condição de receber crianças de maneira digna.

Até os clubes mais reconhecidos por seu trabalho nas categorias de base no Brasil apostam suas fichas na captação — o garimpo — de jogadores. O objetivo é ENCONTRAR os melhores jogadores o mais cedo possível. A visão em relação ao que é processo de formação acaba sendo ainda bastante enviesada, o argumento para a escolha pelo ENCONTRAR é que reunindo apenas crianças da própria cidade o nível esportivo das equipes seria muito mais baixo. Por um lado é verdade quando dizem que as crianças estão sem tempo e espaço para brincar, que não é possível mais ficar tanto nas ruas, que os carros e a violência atrapalham, e os celulares são um concorrente e tanto… Diante de tantos obstáculos, é mais cômodo selecionar quem já chega “pronto” — estamos falando aqui de crianças e 8, 9 anos — mas esse não é o único caminho. É possível DESENVOLVER os melhores jogadores.

Como argumentar que não há material humano suficiente em São Paulo, no Rio, Brasília, Salvador, Fortaleza ou Belo Horizonte? Cada uma dessas cidades tem quase tanta gente, ou mais, quanto o Uruguai! Em cada capital brasileira, há ao menos tanta gente quanto na Islândia! Se o futebol deles foi bom e organizado o suficiente para manter seu melhor jogador — o meia Gilfy Sigurdsson — até os 16 anos, por que isso também não pode acontecer em qualquer estado brasileiro?

Defender que o nível dos jogadores de uma equipe formada apenas por crianças da própria cidade seria ruim é esquecer de duas coisas. Primeiro, para as crianças, o resultado de jogos e campeonatos está longe de ser prioridade. Segundo, o responsável por fazer uma equipe forte e por melhorar o nível de jogo do jogador é justamente quem está reclamando de sua qualidade de quem pode proporcionar experiencias ricas, de quem pode ensinar a jogar. Se há dificuldades, a solução é enfrenta-las, se o repertório motor das crianças já não é o mesmo, o trabalho nas escolas e, posteriormente, nas categorias de base pode ser o caminho para propiciar seu enriquecimento.

O futebol tem um potencial enorme para ajudar a transformar o país, o primeiro passo talvez seja o de olhar de maneira mais humana para o desenvolvimento de seus talentos, priorizando a formação e menos a captação. Ao invés de reduzir a idade da formação, como muitos defendem, e alojar jovens de diferentes partes do país cada vez mais cedo, clubes e federações poderiam concentrar seus esforços em dar oportunidade para que crianças e jovens se desenvolvam localmente. É preciso trabalhar com um número maior de jovens jogadores? Que tal estabelecer filiais, clubes ou escolas de futebol onde interessar, trabalhando com crianças, formando os seres humanos que futuramente irão integrar os elencos da base e até ocupar outras funções no clube ou virarão torcedores apaixonados? Tudo ao seu tempo, respeitando os momentos certos para o desenvolvimento das coordenações gerais e da especialização dos jovens jogadores. É possível fazer diferente!

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