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Crédito imagem: Rafael Ribeiro/Vasco.com.br

Temporada afunilando, campeonatos já com cenários bem definidos e clubes tendo resultados do trabalho plantado lá atrás. Sim, porque a vitória e a derrota de hoje demonstram o planejamento de ontem. Apesar de toda a imprevisibilidade que o jogo carrega por si só, a lei da vida vale para a temporada de uma equipe: não dá para colher sucesso se o que foi plantado não teve organização, coerência e conhecimento.

Ainda temos no futebol brasileiro a ideia de que basta ter dinheiro para a conquista de títulos. Claro que quanto maior o poderio financeiro mais jogadores de qualidade podem ser contratados. E no final das contas a parte técnica tem uma influência enorme no resultado final. Porém há outras variáveis que se bem controladas podem ter igual ou até maior influência no desempenho de um clube ao longo não só de dez meses de disputa, como também no médio prazo.

Formatação homogênea de elenco é uma das peças chaves para o sucesso no futebol, mas ainda desprezada por muitos clubes. Buscando atender uma demanda momentânea dos apaixonados torcedores, dirigentes apostam em contratações faraônicas que dão mídia por alguns dias, mas que oneram as contas por vários anos. Não sou contra grandes reforços. Reconheço que nomes famosos atiçam a curiosidade de todos e fortalecem o produto. Entretanto o que já está provado e comprovado que não funciona é o batido argumento de “oportunidade de negócio” para trazer jogadores em final de carreira que não atendem as necessidades de um elenco.

Na esteira de jogadores com muito nome e salários maiores ainda, mas que pouco entregam dentro de campo, vale falarmos da estrutura física e de pessoas em departamentos estratégicos de um clube. Talvez com a soma dos vencimentos mensais de um jogador voltando da Europa fosse possível investir em um departamento médico de ponta, com tecnologia e profissionais da mais alta qualidade, para que não só houvesse uma mais rápida recuperação, mas também um trabalho de prevenção de lesões. Ou quem sabe esse dinheiro pudesse ser investido em análise de desempenho, para melhorar aspectos coletivos e individuais do time e até mesmo um aporte na análise de mercado para que o processo de recrutamento fosse mais assertivo. Ou até mesmo valesse mais uma estruturação maior nas categorias de base, formando mais e melhores jogadores para que houvesse tanto entrega no time profissional como também boas vendas, fazendo com que esse modelo se retroalimente.

Reconheço que no imediatista futebol brasileiro o dirigente – que muitas vezes não é profissional e sim um ‘torcedor abnegado’ – se vê tentado a contratar um jogador renomado ao invés de investir em uma estrutura, que pode demorar alguns anos para dar resultado. No viés político dos clubes, como segurar a vaidade desse cartola para plantar algo que talvez o seu sucessor colha os resultados… Assim, seguimos com os clubes cada vez mais endividados, transportando a aleatoriedade do jogo para a gestão. Enquanto o que importar for o próximo jogo e não o médio prazo o caos seguirá dominando.

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