Crédito imagem: Robson Mafra/AGIF
A ideia de futebol coletivo ainda sofre resistência no Brasil. Há no inconsciente do torcedor uma certeza de que o melhor time é o que tem os melhores jogadores. Não que isso não possa acontecer. Mas não é regra.
Em um jogo disputado por vinte e dois atletas, com oposição, campo grande, alvo (gol) proporcionalmente pequeno, em que há momentos de ataque – com a bola – e de defesa – sem a bola – podemos até discutir quais de fato são os melhores jogadores. Os que atacam melhor? Ou os que sabem defender com mais eficiência? Por isso o conceito de equipe passa necessariamente pela junção de atletas que se complementem.
E formar um time eficiente e vencedor leva tempo. Há uma infinidade de variáveis. O que se sabe com certeza, porém, é que após essa análise inicial de características e perfis, vem as dinâmicas e os encaixes que dependem de repetição e de uma certa “química” que vem do campo, da bola, dos treinos e dos jogos.
E isso tende a não brotar do nada, da noite para o dia…
Diante disso, me incomoda as cobranças em cima do atual elenco do Corinthians, sobretudo após as derrotas para Atlético-MG e Flamengo. Ambas fora de casa!!! O técnico Sylvinho pode e deve ser criticado por algumas estratégias e escolhas. Afinal, qual técnico do mundo é perfeito e não comete falhas?!
Mas aqui precisamos falar de processo. De tempo, de maturação. De conjunto! Como colocar os atuais times de Corinthians, Flamengo e Atlético-MG no mesmo estágio de evolução?! É impossível! Basta um recorte mínimo da temporada passada: Flamengo e Galo brigaram por conquistas e o Corinthians lutou contra o rebaixamento. E se for para individualizar, Willian, o melhor reforço corintiano, não joga há cerca de um mês.
Entendo a paixão do torcedor e não pretendo que quem está na arquibancada use a razão para interpretar o que se passa dentro de campo, analisando tudo de maneira contextual e sistêmica. Mas espero que quem esteja no comando não tenha essa mesma passionalidade e compreenda que nenhum grupo se torna vencedor sem um trabalho constante, coerente e perene.