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Crédito imagem: AGIF

O Cruzeiro, líder da série B do Campeonato Brasileiro de 2022, encerrou o primeiro turno com 42 pontos, 24 gols marcados e 10 gols sofridos. São números muito bons, que colocam o time com 98% de chances de acesso à série A de 2023, segundo o Professor Gilcione Nonato Costa, do Departamento de Matemática da UFMG.

Porém, nós nos debruçamos sobre esses dados não para admirar o belo desempenho do time de Paulo Pezzolano, mas sim para traçarmos alguns paralelos e dessa forma, identificarmos pontos característicos nos modelos de jogo das equipes protagonistas das séries A e B do Campeonato Brasileiro, torneios cada vez mais acirrados no país com mais títulos de campeão do mundo de futebol de campo masculino.

Um ponto interessante deste “Cruzeiro Pezzolanizado”, como a torcida cruzeirense gosta de brincar, é que, comparados seus números com os times da série A de 2022, o Cruzeiro hoje tem menos gols sofridos que todos eles, enquanto na série B, é apenas a terceira melhor defesa, empatada com Bahia e tendo levado mais gols que Grêmio e Sport, times em que seus sistemas defensivos sofreram 6 e 8 gols, respectivamente.

Por outro lado, o ataque cruzeirense com seus 24 gols, é o mais eficiente da série B. Mas, por outro lado, se comparamos este desempenho aos desempenhos dos sistemas ofensivos dos clubes da série A, a equipe mineira está apenas com o sétimo melhor ataque, ainda assim, empatada com Athletico e Flamengo.

É cabível avaliarmos que o nível dos times é naturalmente bastante diferente de uma divisão para a outra. Porém, o cerne da questão que pretendemos levantar aqui é: o fato de o líder da série B ter o melhor ataque do torneio e a terceira melhor defesa, e esses números, comparados aos números dos times da série A, tornarem-se o sétimo melhor ataque e a melhor defesa, seria fruto dos modelos de jogo estabelecidos pelos times das duas divisões? Ou, a mesma pergunta feita de outra forma poderia ser: os times da série A e os times da série B jogam respectivamente, de forma tão construtiva e de forma tão reativa, que seriam essas características as principais responsáveis por resultados tão curiosos quando traçamos esse paralelo com base no desempenho do atual líder da série B?

Façamos então, o exercício contrário a este primeiro que fizemos: o Palmeiras, campeão simbólico do primeiro turno da série A do Campeonato Brasileiro de 2022, encerra o primeiro turno com 39 pontos, 31 gols marcados e 13 gols sofridos. O time de Abel Ferreira é inquestionável em seu desempenho já há algumas temporadas, nas quais vem acumulando recordes e troféus com um time competitivo e extremamente obediente taticamente. Esse time multicampeão, tem hoje o melhor ataque e a melhor defesa do primeiro turno.

Quando comparamos estes números aos números dos times da série B no primeiro turno, porém, o Palmeiras continua, com seu ataque avassalador, sendo o mais eficiente dentre todos os desempenhos listados. Mas sua defesa passa a ser apenas a sexta menos vazada.

E aqui, também é cabível avaliarmos que os times da série A têm sistemas ofensivos muito mais letais e comprovadamente capacitados que as equipes da série B, naturalmente. Mas novamente, nosso foco não está em avaliarmos a diferença de nível das duas competições, mas sim, o que nos modelos de jogo predominantes das equipes das duas competições faz com que, os dados, uma vez cruzados, transformem melhor defesa (do Palmeiras) e melhor ataque (do Cruzeiro) em desempenhos intermediários, e defesa intermediária (do Cruzeiro) em melhor defesa.

Seriam os modelos de jogo tão determinantes, a ponto de impactar de forma tão contundente nos números, ao fazermos este exercício de comparação?

Se fizermos a análise nos baseando em números gerais, encontraremos a informação de que a série B de 2022 tem sua pior média de gols da história da competição, com 1,79 tentos marcados por jogo, na média. A série A, por outro lado, possui uma média de 2,35 gols marcados por jogo.

Seria defender mais “fácil” que atacar, para times com elencos formados por atletas de qualidade técnica considerada inferior em relação aos atletas da competição principal por pontos corridos a nível nacional? Seria, portanto, este o motivo de vermos treinadores com modelos de jogo nitidamente mais reativos na série B, em relação a série A, e como consequência, termos defesas que levam menos gols e ataques que fazem menos gols, analisando este recorte de 19 jogos que corresponde aos primeiros turnos das duas competições? São reflexões interessantes e necessárias, mas uma coisa é fato: ainda que a série B tenha a pior média de gols marcados e que os times, em grande parte, sejam montados com uma lógica de um sistema defensivo forte e a investida em contra-ataques como característica preponderante nos sistemas ofensivos das equipes, há equipes bem montadas e bem articuladas que merecem o devido reconhecimento pelos trabalhos dos atletas e comissões envolvidas, como são os casos da Tombense de Bruno Pivetti, do Bahia, que caiu de rendimento e trocou de treinador, mas tem ali muito do trabalho de Guto Ferreira, com a continuidade sendo dada por Enderson Moreira, do Novorizontino, que depois da chegada de Rafael Guanaes parece ter encaixado mais sua proposta de jogo, do Grêmio de Roger Machado, que começou oscilando e agora parece ensaiar uma evolução em seu desempenho, e do próprio Cruzeiro de Pezzolano, que ainda que com placares magros, tem sobrado na pontuação em relação aos seus adversários.

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