A Argentina ganhou a Copa do Mundo de 2022. A conquista da taça veio após um jogo épico entre Argentina e França. Conhecida a campeã da 22ª edição deste evento esportivo, é hora de refletirmos que a realização de uma Copa é um evento que transcende os gramados.
Um bom começo é pensar que tudo que envolve futebol atinge uma enormidade de pessoas e, portanto, tem um potencial único de gerar impacto positivo e transformação. Por exemplo, mais de um terço de toda a população global assistiu esta Copa do Mundo. Calcula-se que fomos mais de 3,3 bilhões de espectadores prestigiando este esporte que sempre envolveu paixões e bilhões. Ganhamos com o volume de pessoas, mas também pelo público mais diverso e mais plural dentro e fora das quatro linhas.
Trouxemos duas medalhas de bronze do Catar e não foram de jogadores, mas da arbitragem. E não foram de dois homens, mas de um homem e de uma mulher, Neusa Inês Back. Tivemos também a primeira árbitra mulher a apitar em um jogo de Copa.
Vimos mais diversidade na equipe de jornalistas, com mulheres dando show e homens dando espaço de fala. Vivemos a diversidade histórica de raça dentro das quatro linhas, mas também fora delas. Seja nas concentrações, nas coletivas e nas comemorações. Reunimos amigos e tivemos momentos de muita alegria. Vimos passagens emocionantes, como o brasileiro Richarlison dizer na coletiva: “I speak English, my friend”.
Economicamente, a competição sempre tem efeitos positivos com consumo e investimentos em infraestrutura e empregos em diversos países, especialmente na região de quem sedia. Em 2020, sendo realizada pela primeira vez em um país árabe, o mundo conheceu esta cultura e esta cultura se abriu mais para o mundo. O futebol ganha mais adeptos e investidores e até o resultado ruim da equipe do Catar foi um ganho, pois sempre digo: “futebol não se faz sem dinheiro, mas futebol também não se faz só com dinheiro”.
Copa do Mundo tem também impactos políticos e pode transmitir valores de paz e universalismo. Neste aspecto, esta Copa poderia ter feito muito mais com mais transparência, respeito aos direitos humanos e também ter transmitido maior abertura para questões e costumes verdadeiramente universais (cerveja nos estádios, torcedores de diferentes orientações sexuais etc). E ainda em tempo, fica em aberto a apuração das denúncias das condições de emprego durante a construção dos estádios e aplicação de todas as medidas cabíveis.
Futebol também é patrimônio cultural e a Copa do Catar homenageou heróis como Pelé, gerou recordes na venda de álbum de figurinhas e mostrou que, para continuar atraindo os mais jovens para o futebol, é preciso criatividade e competência. E daí o sucesso do talentoso jornalista e Youtuber Casimiro que bateu o recorde mundial de audiência em jogo e o recorde da maior live da história do Youtube no Brasil.
E seguimos sendo o único país que participou de todas as Copas do Mundo, com maior volume de exportação de atletas, maior número de títulos. Mas o último título veio há mais de 20 anos…
Portanto, para “voltarmos a ganhar”, termino com uma grande convocação: hora de todos os líderes entrarem em campo (políticos, técnicos, gestores, nós). Hora de usarmos todo poder de transformação do futebol para agirmos de maneira integrada e determinante não somente durante as edições Copas do Mundo, mas principalmente durante os quatro anos que separam duas Copas do Mundo.
Artigo da nossa CEO: Heloisa Rios