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“Fazer o quê? No futebol é assim…”. Ouço essa frase com uma recorrência tão incômoda como surpreendente. Ela surge, por exemplo, quando defendo a gestão sistêmica deste esporte (política, técnica e administrativa) e a essencialidade de estratégia, inovação, capacitação e governança. Nessas ocasiões, faço minhas críticas ao que se pode chamar de “modelo” vigente, teço alguns comentários, exponho sugestões de mudanças e, invariavelmente, lá vem alguém com a dita cuja: “Não dá para mudar. Não dá para fazer de outro jeito. Fazer o quê? No futebol, é assim…”

O problema é que esse tipo de observação, além de expressar um conformismo inadmissível nos dias correntes, impede o crescimento e a evolução da indústria do futebol que disputa recursos e atenção em um universo muito maior que é do entretenimento. Na verdade, a gestão do futebol no Brasil é um ser errante, e muitas vezes perdida fora do gramado. É como se, há tempos, ela tivesse cometido um pênalti, colocado a bola debaixo do braço e, simplesmente, abandonado o campo. Resolveu não aceitar a marcação do juiz e foi embora.

Infelizmente hoje, a grande maioria dos clubes brasileiros responderia que o único objetivo do clube é: “ser campeão”. Mas será que é só isso? Será que se pode resumir uma estrutura tão fabulosa a um único alvo? Além do mais, considere que cada torneio tem somente um campeão. Isso significa que todos os outros participantes da disputa estão fadados ao fracasso em uma temporada – ou mesmo, a um tipo de “sucesso” parcial ou provisório? Não parece haver grande miopia nesse tipo de abordagem, principalmente em se tratando do mundo do entretenimento cujo espaço virtual rompe de forma formidável os limites de um estádio de futebol?

Vale destacar que os últimos anos tem sido de grande evolução nesta profissionalização, mas ainda há muito a ser feito. Do que vimos como uma das barreiras para a aceleração, é a aparente contradição entre uma gestão profissional e a velha tradição dos “administradores”, sempre voluntariosos e apaixonados por seus clubes. Em muitas discussões, esses dois grupos são colocados em campos opostos da disputa, como se fossem adversários.

Ela embute a noção segundo à qual somente o velho modelo de “comando” (não se pode empregar aqui o termo “gestão”) estaria ligado à tradição e ao amor verdadeiro ao time. O olhar profissional, segundo essa perspectiva, seria uma espécie de cemitério de emoções. Ora, basta observar os gramados europeus – e tudo que os cerca, tanto em termos físicos como virtuais – para se constatar o absurdo dessa abordagem.

A realidade mostra o oposto. É a capacidade gerencial dos times globais, de diversos portes, aliada a uma visão estratégica pertinente e a uma gestão efetiva, que faz aumentar a emoção dos torcedores e a afeição que sentem por seus clubes. Não há contradição entre eficácia e emoção. O contrário, sim, é verdadeiro. Esse é o ponto em questão. No mais, é enorme erro considerarmos todos os dirigentes e estatutários com as lentes do passado. Há estatutários que são profissionais e empresários muito competentes e experientes que, com boa governança, podem fazer muito pela transformação e profissionalização do futebol brasileiro.

Portanto, nunca fale que “não dá para fazer de outro jeito; porque no futebol é assim”. Diga sempre: “No futebol, era assim…” Quer começar? Invista na capacitação de seus profissionais e crie uma estratégia que defina claramente seus diferenciais competitivos.

Texto por: Heloisa Rios

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