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As empresas são feitas de pessoas e os clubes também. Clubes são feitos de pessoas que jogam o jogo dentro das quatro linhas e de pessoas que jogam o jogo fora das quatro linhas. Então, faço aqui uma afirmação: todos deveriam estar capacitados e engajados para jogar um único e grande jogo.

E por quê? Porque a bola não entra por acaso. Porque por trás de um grito de gol, da transferência de um atleta, da atração de investidores, de novos patrocínios, da paixão de torcedores, da transformação da vida de atletas e famílias, da classificação para um grande campeonato… tem pessoas. Tem pessoas que, se inspiradas por uma estratégia clara, cultura e liderança fortes e recursos adequados, fazem o sucesso ou o fracasso de um clube ao longo de sua história.

São inúmeras perspectivas e reflexões sobre pessoas, que não cabem em um único artigo. Escolho então começar a refletir sobre alguns. De que adianta um sistema completo de scouting e investimentos milionários para compra de atletas se a liderança não estiver preparada para capitalizar no melhor de cada indivíduo e em favor do bem maior que é o time? De que adianta talentos individuais sem a força do coletivo? De que adianta atletas com capacidade técnica-desportiva excepcional se não forem pessoas com outras habilidades e competências, inclusive de relacionamento? Quais os limites de um atleta competente dentro do campo sem inteligência sócio-emocional?

Se refletimos o jogo fora do campo, vale também questionar o quanto as pessoas são talentos individuais e não são estimuladas a trabalharem na direção de um objetivo maior que suas próprias áreas e responsabilidades. O quanto essas pessoas estão, ou não, nos lugares adequados dos clubes onde possam inovar e gerar os melhores resultados baseadas nos seus propósitos, interesses, habilidades e competências. O quanto cada um entende seu papel e suas contribuições e investe no seu auto-desenvolvimento.

Mas, ainda mais relevante que refletir sobre as características e responsabilidades dos indivíduos, cabe destacar que tudo começa na alta liderança. É imprescindível a existência de líderes que tenham vontade política para gerir um clube de futebol de maneira profissional, humanizada e acima de interesses individuais ou de um único grupo.

Difícil começar? A desculpa continua sendo o resultado do jogo de domingo e a falta de recursos financeiros? Lembre-se que futebol realmente não se faz sem dinheiro, mas futebol também não se faz só com dinheiro. Comece com visão de longo prazo e engajando os melhores. Demita aqueles que não estiverem alinhados com a transformação. Ouça as pessoas de dentro e de fora do seu clube, invista neste coletivo, pactue, engaje, comunique com todos os públicos de interesse e veja a potência de contar com pessoas jogando o mesmo jogo dentro e fora das quatro linhas.

Texto por: Heloisa Rios

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