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Todos podem aprender a jogar futebol.

Todos podem aprender a jogar futebol bem.

Alguns de nós podemos, potencialmente, jogar futebol melhor do que outros de nós.

Uma série de fatores ambientais, associada a uma série de expressões e características naturais dos indivíduos, pode fazer com que alguns jogadores alcancem um nível de jogo mais elevado do que o de outros.

Dentro de um processo de formação de jogadores para o alto nível competitivo, conseguir evoluir ao máximo as potencialidades de cada um é, ao mesmo tempo, resultado de um trabalho de excelência e necessidade primeira deste trabalho.

Quanto maiores forem os potenciais dos indivíduos que serão estimulados dentro de um processo de treinamento de base (bem organizado e estruturado), melhores serão os resultados finais da formação do jogador.

Isso quer dizer que é necessário, além do ótimo e adequado conjunto de estímulos de treino, respeitando processualmente o desenvolvimento potencial dos jogadores, uma detecção pontual, qualificada e bem norteada dos indivíduos com as maiores chances de chegarem ao final do processo, aptos a jogarem em altíssimo nível competitivo.

Obviamente que isso não é simples como pode parecer.

Existe um enorme número de cientistas, dissertações de mestrado e teses de doutorado Brasil afora, tentando entender, de acordo com diferentes modalidades desportivas, que parâmetros usar para conceber um método de análise que permita, com erro mínimo, detectar talentos em potencial.

No caso, especificamente do futebol, o grande problema é que, em um sem número de vezes, busca-se identificar o talento por meio de parâmetros que estão ou descontextualizados do próprio jogo, ou ainda da cultura de jogo da própria equipe.

Em outras palavras, o que quero dizer, é que ou se fragmenta o jogador em pedaços, para que esses (os pedaços) sejam analisados e qualificados em partes específicas, ou tentando avaliar o jogador como todo, descuida-se do “jogar” integrado à cultura e ao modelo de jogo da própria equipe.

Para minimizar erros dentro do processo de formação e de captação de jogadores, grandes clubes ingleses, por exemplo, a partir de um conjunto de informações pautadas em construtos científicos, qualificam observadores de jogadores, que espalhados pelo mundo, tentam identificar aqueles com perfil (de jogo, de conduta, etc.) condizente com o desejado para, ao final do processo, fazer parte de seus primeiros times.

Outra questão importante é que dentro de um processo em que se sabe exatamente o caminho a ser seguido, onde se está e onde se quer chegar (e como fazer isso!), ele próprio (o processo) dá conta de excluir, ao longo da “caminhada”, aqueles que de certa forma demonstram se guiar por outros nortes.

Será que estamos perto disso no Brasil?

Será que as grandes equipes formadoras sabem exatamente que jogador estão procurando para fazer parte do processo?

Será que os processos de formação estão bem organizados e estruturados, com conteúdos bem definidos para serem desenvolvidos?

Será que as equipes têm claros os objetivos finais do processo de formação?

Será que ao final do processo, rumo ao 1º time, estará clara qual a cultura e o modelo de jogo deste 1º time (não circunstancialmente, mas de forma bem determinada, ao ponto de ser identidade da equipe)?

São muitas as questões a serem respondidas. São muitas as reflexões necessárias.

Por hora, paro por aqui (“paro, sem ficar parado”), na esperança (e na ação) de que as coisas entrem no rumo e contribuam para a transformação do nosso futebol.
 

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  
 

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