Há quatro anos, todas as projeções indicavam que o Brasil poderia ficar tranquilo em relação ao futuro do time nacional. Havíamos descoberto mais uma daquelas joias raras que teimam em aparecer de tempos em tempos em terras tupiniquins. O maior celeiro de pé-de-obra do mundo havia descoberto Alexandre Pato, jogador que em apenas três partidas pelo time de profissionais do Internacional de Porto Alegre já era campeão do mundo e, melhor que isso, sendo um dos protagonistas da conquista inédita do Colorado.
Há um ano, a projeção sobre Pato não era tão esperançosa assim, mas da mesma forma ele continuava a ser apontado como sendo o próximo “cara” da seleção brasileira. Durante o naufrágio do time de Dunga em terras africanas, a ausência de Pato era lembrada em rodas de jornalistas sedentos pela cabeça do treinador e por mais craques no time nacional. Pato foi apontado como o possível camisa 9 da seleção em 2014 e, muito provavelmente, como o grande nome da equipe para a Copa que será no Brasil.
Só que o Ganso afogou o Pato.
Um jogador que consegue, em 30 segundos, mudar o panorama de uma partida que estava começando a se tornar complicada para o Santos e, poucos minutos depois marca o seu gol, não pode ser considerado apenas “mais um”. Ainda mais quando tudo isso acontece logo em seus primeiros movimentos depois de sete meses sem jogar, afastado por uma lesão.
Paulo Henrique Ganso é, hoje, a bola da vez. Mais do que Neymar, mais do que Pato, mais do que qualquer outro jovem jogador brasileiro, o camisa 10 do Santos provou em seu retorno que tem tudo para ser o camisa 10 do Brasil por muitos anos. Sim, pode parecer absurda tal previsão, ainda mais vinda de alguém que sempre critica qualquer euforia sobre um ou dois jogos e com bons resultados.
Mas Ganso mostra, a cada toque na bola, que é um daqueles raros talentos que aparece de vez em quando, geralmente (e felizmente) em terras brasileiras. Assim como Messi, Ganso é um daqueles atletas que não contam histórias de grandes evoluções ou que precise de muito esforço para alcançar grandes resultados. Tudo parece natural, fácil, perfeito.
Pelo menos para os próximos anos, Ganso é o cara. Quem sabe, nos próximos anos, surja alguém para destroná-lo. Mas, sinceramente, parece cada vez mais difícil isso acontecer.
Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br