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Antes do texto que segue, devo dizer que a motivação para escrevê-lo nasceu de uma boa conversa com Sir Gheorge Randsford, um notável do Café dos Notáveis. Um privilégio.

Vamos ao texto…

“(…) aquele garoto que ia mudar o mundo / mudar o mundo / agora assiste a tudo / em cima do muro / em cima do muro (…) ideologia, eu quero uma prá viver…”

Gosto muito de escutar músicas.

Tenho um gosto eclético.

Particularmente aprecio aquelas que por algum motivo (melodia, instrumentos utilizados, letra, etc.) fazem um tipo de “encantamento” com os meus ouvidos.

Claro que meus ouvidos, sob o efeito do “encantamento”, abrem as portas para que sentimentos e sensações tatuem em meu peito de forma ímpar cada uma das músicas, que seja lá por qual motivo for, tenha “chamado” minha atenção.

Muitos de nós temos até trilhas sonoras que nos remetem para épocas, momentos, pessoas, coisas.

E hoje, comecei meu texto com a letra de uma música, uma composição de Cazuza e Frejat (Ideologia), justamente porque de certa forma ela remete a reflexões que quero compartilhar neste texto.

Quando comecei a me dedicar “de corpo e alma” à Educação Física, como acadêmico, pesquisador, professor e treinador de futebol, vi (e tenho visto) as coisas acontecerem em grande velocidade.

A frenética necessidade de estar sempre à frente, a rápida transformação do conhecimento e a mudança permanente das “verdades” (além dos ambientes selvagens),vão transformando coisas e pessoas de tal forma, que um dia a gente para e nem percebe bem que o tempo passou.

Mas o pior mesmo é quando não reconhecemos mais, quem está ou esteve ao nosso lado, não lembramos mais de nossos ideais, dos porquês, de quem nós somos, do que sentimos, sentíamos, ou queríamos sentir.

Um escritor norte-americano escreveu em uma de suas obras que devemos de tempos em tempos reler aquilo que outrora escrevemos, para nos ajudar a lembrar o que pensamos e porque pensamos isso ou aquilo.

Bom seria se pudéssemos fazer uma releitura dos nossos pensamentos mais antigos, das nossas fotografias mentais, dos nossos discursos mais convictos, daquilo tudo que nos transformou em nós.

Eu queria mudar o mundo. Eu quero mudar o mundo!

Como ele é muito grande, nunca soube com precisão qual raio de ação eu poderia atingir, e nem como atingir.

E se em um primeiro momento a sede de transformação e a busca do bem eram muito maiores do que a “gestão estratégica” para me guiar na “aplicação da energia”; mais à frente esta relação se inverteu por completo (mais estratégia do que sede).

Por mais que me digam que o ideal (ideal?) é encontrar o equilíbrio, posso garantir que prefiro (preciso!) é ter a sede, bem mais do que a estratégia.

É a sede que nos rejuvenesce, é a sede que nos dá energia, é a sede que nos faz dar mais um passo quando nem nós mesmos acreditamos ser possível.

Em nome da estratégia, da contrapartida, do benefício próprio dissociado do todo, penso se não estamos perdendo a espontaneidade, se não estamos sendo menos sinceros, se não estamos fazendo prevalecer interesses sobre o bem-querer.

Os sistemas (político, econômico, de saúde, cardiovascular, de jogo, enfim, todo e qualquer sistema) parecem estar crescendo através de interações entre seus elementos, que estão gerando interdependências de auto-interesse, auto-recompensa e auto-vantagem para as partes, que em um primeiro momento parecem fortalecer o todo, mas em médio e longo prazo se mostrará frágil e/ou cancerígeno a outros sistemas.

Será que não aprendemos, quando mais jovens, a fazer o bem, porque fazer o bem é bom, e ponto? (ou será que nos esquecemos?)

Por que não agir com o coração? Por que não dizer eu te amo para nossos pais, esposa ou marido, irmão ou irmã, filhos, amigos?

Por que não jogar fora a crença de que é tarde demais, ou a de que nada podemos fazer?

Por que não sorrir, só por vontade de sorrir, e por nenhum outro motivo mais?

A velocidade das coisas, e mais ainda, a velocidade da necessidade das coisas, parecem estar movendo as pessoas para uma direção em que o desrespeito, a mentira, a deslealdade, a desonestidade são bem aceitas em prol de um vencer a qualquer custo.

Mas o mundo não está perdido, se você lembrar da sua sede.

Quando vemos, em momento de muita dor, japoneses se sentenciarem voluntariamente à morte, para consertar as usinas nucleares e salvar a vida de seus pares, não podemos ter dúvidas disso.

Então desçamos do muro. Basta saltar!

Post-scriptum (ou PS): desculpem-me a mudança temática da coluna de hoje (em que não abordei questões táticas do jogo). Falei, porém, muito mais de futebol do que possa parecer.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  

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