O ser humano reina na Terra.
Reina porque a evolução das espécies privilegiou-nos com a capacidade intelectual.
O cérebro é nosso maior signo distintivo perante os demais seres.
É verdade, existem outros atributos que nos tornam únicos e favoreceram nossa adaptação, como a oposição do polegar ante outros dedos da mão, que permitiram a manipulação de instrumentos, em especial de defesa e, posteriormente, de domínio da agricultura e de outros animais.
Na transição evolutiva de milhares de anos entre os primatas e o primeiro ser humano, muito se perdeu e muito se conservou em nosso DNA. Herança genética que também condiciona, até hoje, nossa parte instintiva.
Passados alguns milhares de anos, o homem, de fato, usou essa inteligência para gerar riquezas, melhorar as condições de vida de seus pares, inventar maravilhas tecnológicas.
Também fez uso dela para destruir, matar, subjugar, escravizar, dominar, excluir, aproveitar-se.
Vendo o filme O Planeta dos Macacos – A origem, entendemos que, tanto o primata quanto o homem, dispõem de uma carga genética, inata, bem como o condicionamento ao meio em que vivem.
E que ambos conseguem, à sua medida, dispor de inteligência para aprender e executar ações.
No filme, César, o chimpanzé inteligente, consegue, com treino e estímulo medicinal, realizar tarefas em número recorde de movimentos.
Mas o homem consegue também ensinar, principalmente pelo exemplo.
E o homem também possui a capacidade de dizer não. O livre arbítrio.
Os primatas são condicionados a um aprendizado que lhes é imposto, sem questionamentos.
O homem pode dizer não. Pode indignar-se.
Se continuarmos fazendo as mesmas coisas, atingiremos os mesmos resultados.
Se o futebol brasileiro continuar formando jogadores autômatos, e não questionadores, pensantes, críticos, que desafiem a lógica, embora a respeitem, seguirá como a boiada pro abate.
Declínio técnico, que se refletirá em declínio comercial, e, com isso, o sistema não se sustentará.
Muitos de nossos jogadores sabem realizar tarefas com precisão.
Uns poucos sabem seu papel, o por quê de sua função no meio social, que lhes permita transferir o conhecimento e experiência adquiridos, quando almejarem novos horizontes na carreira – como treinadores, por exemplo, ou diretores de futebol.
É dever dos gestores do futebol criar condições favoráveis para essa evolução.
Dizer não a uma série de coisas equivocadas que são feitas no futebol, e encontrar caminhos diferentes, é o ponto de partida.
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br