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Carros, motos, ônibus e caminhões são meios de transporte (de pessoas, animais e/ou cargas em geral) que estão espalhados (e – por que não? – abarrotados), trafegando por todo o planeta Terra.

Apesar de todos os avanços tecnológicos, engatinham, de certa forma, as transformações que, voltadas para esses veículos, deveriam torná-los mais eficientes sob o ponto de vista energético.

Em um carro popular, por exemplo, boa parte da energia gasta por ele (pelo carro) é utilizada justamente para deslocar seu próprio peso (vou usar a palavra “peso”, somente por questões didáticas).

Isso quer dizer que grande parte do combustível depositado em seus tanques é utilizado para superar a grande carga que o carro por si só, já representa.

Se você tiver como peso (massa corporal total) 80 quilos e seu carro popular pesar 800 quilos, por exemplo, veja que interessante:

  • Vamos supor que esse carro consiga percorrer 120 quilômetros com 10 litros de etanol (consumo médio de 1 litro a cada 12 quilômetros – [12 km/l]) quando você está dirigindo. Esses 10 litros são responsáveis por gerar energia para transportar você (sua massa de 80kg) mais a do seu carro (800kg) por 120 km. Mas o interessante é que dos 10 litros, aproximadamente 9,1 litros são consumidos para deslocar a massa do carro e apenas 0,91 litro, a sua.

Isso quer dizer que a eficiência para transformar o combustível em energia útil para aquilo que o veículo se destina é muito baixa.

Pois bem. E o que é que o consumo de combustível dos veículos automotores tem a ver com o futebol?

Vamos lá.

O que motivou a escrever o texto desta semana foi um debate que ouvi recentemente em um programa esportivo de uma emissora de rádio (aliás, só para constar, gosto muito de ouvir os debates esportivos em programas de rádio Brasil afora).

No programa em questão, dois jornalistas e um “especialista” discutiam a respeito das distâncias percorridas pelos jogadores de futebol em partidas dos campeonatos Brasileiro, Argentino, e da Uefa Champions League.

A certa altura, em um consenso raro durante o programa, todos concordaram que equipes de altíssimo nível possuem jogadores que estão mais habilitados a percorrem maiores distâncias em partidas de futebol e, mais ainda, jogadores de equipes melhores correm mais vezes em alta velocidade ao longo de um jogo, do que jogadores de equipes medianas.

Não sei ao certo se estavam, os jornalistas e o especialista, com alguma informação em mãos e, em caso positivo, qual a fonte dessas informações. O meu objetivo aqui nesse texto não é concordar ou contestar o que foi dito no programa. O que quero é propor uma reflexão (fazer uma provocação).

Aceitemos a ideia de que, em um jogo de futebol, um sem número de situações-problema surge a todo o tempo. Com ou sem bola, jogadores precisam tomar decisões acertadas muito rapidamente e agir de maneira eficaz para obter êxito.

Imaginemos que dentro dessas situações-problema, os jogadores precisam, individual e coletivamente, resolver simultaneamente o que devem fazer.

Para alguns jogadores, um problema aparentemente fácil de ser resolvido pode se transformar em uma exigência muito grande – terão que realizar grande esforço e gastarão muita energia complexa.

Para outros, o contrário. Um problema emergencial de jogo muito exigente (difícil) acaba sendo resolvido de maneira aparentemente “simples” (usei a palavra “simples”, apesar de saber que ela não é a mais adequada), sem muito esforço ou gasto complexo de energia.

Bom, e aí chego ao ponto desejado.

Será que jogadores mais bem preparados e mais hábeis para resolverem situações-problema do jogo não seriam também mais eficientes, sob o ponto de vista energético-complexo? Será que eles poderiam conhecer os “atalhos” e conseguiriam, com menor gasto, resultados melhores na gestão das circunstâncias desafiadoras do jogo?

Penso que a resposta para as duas questões – me pautando em dados que venho coletando – é “sim” (é bem possível e provável).

Claro, não espero, a partir apenas de dados sobre distâncias percorridas em baixa, média ou alta velocidade tirar conclusões a respeito disso.

Não quero, tampouco, dizer que jogadores que apresentarem, então, menores valores na “quilometragem” de jogo, resolvem melhor os problemas emergentes nele. Não é isso!

Gostaria apenas que pudéssemos refletir um pouco sobre o tema.

A eficiência energética complexa de um jogador transcende o quanto ele corre em um jogo e pode, ou não, ter algum tipo relação direta com distâncias percorridas por um jogador “A” ou por um jogador “B”.

Talvez o treinamento físico-técnico-tático-psicológico do futebolista devesse estar preocupado em tornar o jogador eficiente, econômico. E eu não quero dizer com isso que o jogador deve ser preparado para aprender a não se entregar ao jogo, se poupar. Não!

Se for o caso, claro, o jogador deve estar apto a percorrer 12, 15 quilômetros, por que não?

O que quero dizer é que se queremos tornar nossos jogadores eficientes, devemos condicioná-los para canalizar adequadamente a energia gasta e, para isso, acima de tudo, ensiná-los a tomar as decisões corretas, de maneira rápida, e adequadas às suas possibilidades de ação.

Desperdiçar energia sempre será um problema no curto, no médio e no longo prazo. Pensemos nós nos nossos carros ou na ação de um jogador de futebol.

Por hoje, é isso…
 

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
 

 

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