Quando eu for bem velhinho eu gostaria de ser jovem como o meia do Grêmio.
Vi o Zé passar o pé sobre a bola e partir para cima dos pontas em 1994, pela Portuguesa. Formado na base esportiva e cultural do Pequeninos do Jóquei, no Canindé despontou o talento para atacar, correr e jogar. A lateral esquerda era pequena para ele.
Acabou sendo pequena a Lusa. Foi correr o mundo. Do Real Madrid ao futebol alemão. Da seleção brasileira até o Grêmio, 19 anos depois. Com a mesma vitalidade de pequenino no Jóquei.
Foi jogar em Porto Alegre como o ótimo meia que é agora. Foi o segundo volante do Brasil em 2006. Para não dizer que foi o mais regular brasileiro na Copa da Alemanha. Sempre correndo pelos outros. Jogando com o time e para o time.
Não era a estrela da companha. Nunca foi. Por isso dá exemplo e dá gosto no Tricolor. Os companheiros vendo o que joga e o que se doa acabam também eles querendo dar algo mais.
Mas nem todos podem. Não só por que não sabem. Mas por que não conseguem. Não têm bola para tanto. Ou não têm caixa para isso. Corpo que segue são pela rotina mais esportiva que espartana. Pelo espírito mais profissional que remunerado de Zé Roberto.
Tantos jogos arrastados pelo país, tantos jovens se arrastando pelos campos, e o Zé firme como rocha, dinâmico como água, vivo como fogo, leve como ar.
Um jogador quase completo. Um atleta completo.
Um pé para toda obra e para todos os times. Um cara que desequilibra partidas hoje e dribla polêmicas desde ontem por que trabalha para ser simples. Presente. Eficiente.
Um good guy. Não um bad boy.
Um jogador que pode até não levar gente pro estádio ou vender produto. Mas um profissional que leva o time adiante sem vender a alma.
Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br
*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.