Recentemente li um texto de um “grande” colunista (que prefiro, desta feita, não citar) versando sobre os “pais coxinhas” que não levam seus filhos nos estádios de clubes brasileiros e os deixam gostar do futebol europeu em detrimento ao que é praticado no Brasil. A não citação específica ao texto é para não expor especificamente uma opinião que considero o retrato da nossa cultura: é melhor transferir o problema para terceiros do que assumir para si e procurar resolvê-lo.
E digo isso movido pela série de notícias que já no início dos campeonatos estaduais estamos novamente assistindo, que é o da violência nos estádios. Desde a Copa São Paulo de Junior ao Campeonato Gaúcho, tenho acompanhado uma enxurrada de casos que só reforçam esta premissa. Tudo em menos de um mês. E aí volto a questão inicial para tentar entender se são “pais coxinhas” ou “pais zelosos”? Já fiz essa pergunta em outra coluna e volto a repeti-la: que tipo de torcedor os clubes querem escolher?
A questão da segurança nos estádios (ou novas arenas) vai muito além de fatos pontuais de violência que ocorrem e recheiam os noticiários policiais dos telejornais. O grande dilema é a sensação de segurança, que tem um valor inestimável.
Se a violência pode ser medida em números, como a quantidade de conflitos, brigas, arranhões, ferimentos ou até mortes, a sensação de segurança é um bem intangível mas que faz toda a diferença para o clima e ambiente que é criado dentro de um espetáculo esportivo.
Para um exemplo fora deste contexto, podemos citar a sensação de segurança existente quando se vai a um teatro ou ao cinema no shopping. Pode até ocorrer um caso de violência isolada que gere notícia, mas as pessoas que frequentam estes ambientes, via de regra, vivem em um clima harmonioso e tranquilo, o que faz com que elas voltem a este lugar frequentemente.
Nos estádios, ao contrário. O clima não é o mesmo. E é sobre este ambiente que precisa de uma intervenção urgente se o mercado do futebol brasileiro quiser efetivamente atrair um torcedor diferente – ou aquele que está migrando para um apreço maior ao futebol europeu (ou chinês ou até americano!!!).
E não adianta também transferir o problema apenas para a segurança pública, que esta não tem condições de resolver tudo. Tanto clubes quanto entidades de administração do esporte precisam de uma ação proativa e profilática.
Encerrando para reforçar um conceito: não adianta culpar o consumidor por gostar mais de A em detrimento a B. Tratam-se de escolhas de consumo e o consumidor irá preferir SEMPRE aquele que entrega melhor valor e benefícios para si. Se quiser mudar, trabalhe para cativar. Querer obrigar alguém a gostar de algo é coisa da ditadura!!!