Em março deste ano escrevi um texto aqui, na Universidade do Futebol, para abordar a questão da estratégia nos clubes do futebol brasileiro. O título era: “por que tantos problemas?”. No breve estudo, havia uma comparação dos cargos e funções de clubes de futebol comparado com uma empresa de entretenimento.
Meses depois, vemos, seguidamente, processos e tomadas de decisão de boa parte dos clubes sendo feitas sem o mínimo de análise. Não se está aqui cobrando algo robusto e refinado, como, na verdade, deveria se fazer. Mas sim, fazer o mínimo. O último caso é o da relação-relâmpago entre Fluminense e Ronaldinho Gaúcho.
Este é o típico caso, comum ainda em muitos clubes, da falta de visão holística sobre o negócio a qual estão inseridos. Olhar, de forma reduzida, para a entrada e saída de um jogador em um curto período de tempo como o único “problema” é ter-se uma visão míope do todo. Achar que o problema foi simplesmente técnico ou comportamental, impactando apenas na performance da equipe (ou nem isso), é seguir olhando para um clube de futebol apenas como uma célula esportiva e não uma instituição.
A visão estratégica nas organizações esportivas serve não apenas para olhar balanços, receitas e despesas, projetos de patrocínio ou fazer análise do mercado. Serve para tomar decisões criteriosas desde a atividade-fim, que é o futebol, em que se precisa explicar os porquês das escolhas de treinadores, comissão técnica, equipe multidisciplinar e elenco, até se chegar no relacionamento com torcedores, patrocinadores e mídia.
Tudo tem um “porque”! Tudo isso é combinado e deve pertencer ao todo. Para a conta não vir salgada em poucos meses ou anos, é fundamental virarmos urgentemente essa chave. Não se pode mais admitir, com tudo o que já se sabe e as inúmeras possibilidades de acesso à informação, que células de uma organização tomem decisões isoladas que impactam negativamente o todo. Precisamos evoluir para, no mínimo, errarmos erros novos…