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Sabe todos aqueles problemas do futebol brasileiro?
 
Não?
 
Relembro: violência, estádios mal cuidados, falta de estrutura, fraco atendimento, fraco rendimento, corrupção, escândalos, jogos fracos, péssimos horários, falta de acessibilidade, falta de transparência e por aí vai.
 
Lembrou?
 
Legal. Agora esqueça.
 
Sim, esqueça.
 
Quer dizer, ou esqueça, ou tolere, ou crie e lidere um movimento radical por mudanças.
Afinal, nada vai se transformar – pelo menos dentro de um curto espaço de tempo.
 
Os problemas do futebol brasileiro estão profundamente ligados a todos os problemas que pairam sobre o nosso país. Achar que o futebol será diferente do resto é acreditar que existe uma espécie de aura protetora ao redor do esporte. Se existe, ela não está funcionando.
 
Toda vez que se debate algum aspecto da estrutura do futebol nacional, sugere-se exemplos do além-mar. Algumas vezes, faz-se menção ao exemplo do funcionamento do esporte-entretenimento norte-americano. Em outras, utiliza-se o exemplo europeu como um estudo de caso. Mas são raras as vezes em que o próprio Brasil é utilizado como referencial, que seria de fato a coisa mais óbvia a se fazer.
 
De qualquer maneira, o meu argumento de que nada vai mudar tão cedo parte do princípio de que o desenvolvimento do futebol é uma conseqüência de outras mudanças sociais. Não a causa, como alguns preferem entender. Não. Jamais. Futebol vem depois. Primeiro as coisas mais básicas: saúde, segurança e educação. Depois uma outra montoeira de coisas, para que então todas essas elementares evoluções forneçam a conjuntura sobre a qual o ambiente do futebol brasileiro possa se desenvolver.
 
Analisando a partir dessa ótica, fica fácil prever um futuro não muito brilhante para o esporte nacional. O carro-chefe disso é o fato de que o público do futebol profissional brasileiro, no seu sentido defendido por legisladores, articuladores e afins, está cada vez mais deixando de existir.
 
Há no Brasil uma clara defesa de que o futebol é um produto subvalorizado, na mão de administradores incompetentes, e que carece de uma série de melhorias para que o público possa voltar aos estádios.
 
Bom, primeiro é preciso quebrar essa idéia de que o público um dia vai voltar aos estádios. Isso é mentira. O público nunca foi ao estádio. Salvo alguns raros anos, que podem muito bem ser entendido como exceção, a média de público dos campeonatos brasileiros não é muito maior do que a de hoje. Quatro ou cinco mil, no máximo, talvez. Nada de muito exuberante. Em geral, a média sempre foi pífia, ou seja, o público nunca foi muito chegado em ir ao estádio, por mais que afirme gostar de futebol.
 
Mas por que isso?
 
Basicamente porque o futebol, desde que ganhou contornos mais comerciais a partir do fim do século passado, passou a se sustentar na classe média, aquele limbo que fica entre a pobreza e a riqueza. E não só na Europa. Processos de globalização e evolução tecnológica fizeram com que esse caráter fosse assumido por todos os lugares onde existe futebol profissional que se preze, inclusive o Brasil.
 
A classe média é a classe essencial para o futebol profissional atual, pois é nela que residem pessoas com poder aquisitivo e tempo suficientes para conseguir consumir produtos relacionados ao seu clube de futebol regularmente, mas que não têm muito mais tempo e dinheiro para gastar com outras formas de entretenimento mais atraentes – como viagens, por exemplo.
 
E o problema é que no Brasil a classe média vem diminuindo cada ano mais. Não são muitos os que estão por aí. É um número muito baixo para sustentar toda a estrutura do futebol nacional. Além disso, existe uma série de outros empecilhos que inibem o potencial de consumo desse já escasso público. Essa, por exemplo, é a classe econômica que mais sofre com as tributações, ou seja, tem menos dinheiro livre para aplicar onde bem entender. Futebol, no caso.
 
Enquanto o Brasil não conseguir se resolver socioeconomicamente, o futebol não vai evoluir. Não tem como.
 
Se você quer lutar pelo futebol brasileiro, lute pela classe média.
 
Ou lute pela melhoria das condições sócio-econômicas.
 
Mas lute com afinco. Afinal, você é brasileiro.
 
E brasileiro…
 

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