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Perguntas erradas, soluções equivocadas. É tudo muito simples; os problemas aparecem, precisam de respostas, mas uma análise inconsistente leva tudo a perder. Pior ainda é quando o perder leva às mesmas perguntas, e na tentativa de se mudar as respostas, inicia-se um ciclo de inexplicáveis fracassos (que obviamente poderiam ser interrompidos, mudando-se primeiro as perguntas).
 
Como exemplo, posso mencionar uma polêmica tese sobre a “cultura da violência”. Quando alguém reage a um assalto e leva um tiro, são inevitáveis as manchetes do dia seguinte que reforçam o conselho: “melhor não reagir a um assalto”. Os motivos são quilométricos e o mais persuasivo é de que “é melhor ter algo roubado do que levar um tiro”. Quando morre um cidadão “de bem” que tentou reagir, assassinado em uma ação criminosa, lá vem a pergunta: “por que ele foi reagir?”.
 
Como a pergunta é essa, investe-se na resposta para ela. Conclusão: melhor não reagir. Existem, porém, especialistas pelo mundo que defendem que a pergunta deveria ser outra (para que a resposta seja mais eficaz e que realmente a violência possa ser combatida). Então ao invés do “por que ele reagiu?” (para se chegar às mesmas óbvias respostas e conclusões), deveria se investir no “como ele reagiu?” a fim de que se analise o como a situação poderia ter um desfecho diferente (sem efetivação do roubo e, quiçá com o bandido preso).
 
Bem, mas e o futebol com tudo isso?
 
Não, caros amigos, não vou nesta “coluna tática” discorrer sobre a violência no futebol. Na verdade, toda essa introdução vai nos servir para apreciar a discussão ocasionada pela pergunta que segue: “por que grande parte das equipes de futebol brasileiro, quando ataca, deixa um jogador na defesa “de sobra” (um a mais do que o número de atacantes adversários)”?
 
 
Por vezes, um zagueiro a mais; por vezes, um volante que fica “preso”; por vezes, um lateral. Estratégias não faltam. Na maior parte das vezes, não são muito criativas; mas que não faltam, não faltam… E qual o motivo disso?
 
A resposta (também persuasiva) é de que com um jogador a mais na defesa o risco de sofrer um gol em jogada de contra-ataque é menor (alguém PROVA?!).
 
Interessante notar que como a pergunta errada pode levar a respostas erradas, nesse caso ainda nos remete para duas importantes reflexões.
 
A primeira, já anunciada por quem vos escreve (em outro momento), é de que (insisto) um jogador a mais na defesa (o da sobra) é igual a um jogador a menos no ataque. E para não corrermos o risco de fragmentarmos o jogo em ataque e defesa, tomemos cuidado com as conclusões que podemos tirar disso.
 
A segunda é de que talvez realmente fizesse sentido um jogador “sobrar” para minimizar as chances de contra-ataques fulminantes, se partíssemos do pressuposto de que o contra-ataque vai realmente acontecer.
 
O problema é que a pergunta deveria ser outra. Então, em vez do “por que sobrar?”, talvez a melhor questão fosse o “como impedir que nasça um contra-ataque mesmo sem um jogador a mais na defesa?”.
 
Vale aqui salientar que mesmo com o jogador da sobra (e excluindo-se as jogadas de bola parada próximas à meta), pesquisas têm apontado que a maior parte dos gols sofridos pelas equipes nos jogos são oriundos de jogadas de contra-ataque. Então, algo vai mal com as estratégias, as perguntas e as respostas a respeito desse tema.
 
Como, em geral, ataque e defesa são tratados como pedaços de uma equipe, as transições (ofensiva e defensiva) são negligenciadas, e aí, o mais próximo que se chega da complexidade e idéia sistêmica do jogo é o anunciado “equilíbrio” que uma equipe precisa ter ao atacar ou defender.
 
Talvez, realmente a “culpa” da visão fragmentada e simplista sobre o jogo seja das perguntas erradas (e das suas respostas equivocadas). Ou não. Talvez a “culpa” seja do “popular dito” de que é “melhor prevenir do que remediar”.
 
Quem sabe? Será essa a pergunta?
 
Então, sem a intenção de impor qual a pergunta a ser feita, ou qual a melhor conclusão para esse texto, proponho duas. Aí, você escolhe qual é o seu…
 
CONCLUSÃO 1 – Fato mesmo é de que é feliz o ladrão que sabe que pode roubar porque eu, cidadão, não vou reagir, não vou dificultar o seu trabalho. Vou fazer então o que todo mundo diz pra fazer; vou aconselhar o jogador da sobra. Afinal, melhor ser roubado do que levar um tiro…
 

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