Um “Serviço de Inteligência” é em geral um departamento de governo voltado para a defesa do “Estado” (de sua sociedade, poder e soberania). Seu trabalho se dá através da captação, interceptação e aquisição de informações que podem auxiliar em ações inteligentes que garantam maior eficácia e sucesso na atuação do próprio “Estado”. Alguns Serviços de Inteligência ficaram muito famosos através da indústria do cinema (exemplos disso são o Serviço de Inteligência dos Estados Unidos (a CIA) e o da antiga União Soviética (a KGB)).
Ter posse de certas informações é privilégio e obrigação que nenhuma nação pode abrir mão. Por isso, seja a Abin no Brasil, a CIA nos Estados Unidos, a Mossad em Israel, ou MI6 no Reino Unido, não há nos dias de hoje “Estado”, que ao buscar soberania, autonomia e ordem possa abrir mão de estruturar um Serviço de Inteligência.
E se a informação é importante aos Estados, também é para qualquer instituição em diversos e diferentes níveis de operação. E como não poderia deixar de ser, é crucial e determinante também no futebol (necessidade máxima!).
Mas será que as equipes, em especial no Brasil, estão preparadas para tal necessidade?
Será que estão estruturadas para coletar, interceptar e adquirir informações? (e mais: será que, antes mesmo de ter a informações, as equipes de futebol estão preparadas para receber tais informações?)
Bom, existe no futebol um discurso de que não mais é possível preparar estratégias para surpreender os adversários, pois “nesse mundo globalizado, com internet e transmissões de jogos e treinos ao vivo tudo se sabe”. No máximo um “treininho a portas fechadas” para ensaiar jogadas secretas.
É por isso que no futebol, antes mesmo de se pensar em um “Serviço Futebolístico de Inteligência” é preciso encontrar pessoas inteligentes (que vão atuar no campo, nos vestiários, no departamento de finanças, marketing, etc.) para saber quais informações buscar e como aproveitá-las de maneira, digamos, inteligente (e como a inteligência é algo circunstancial, ainda tenho esperanças…).
Não adianta ter a CIA a disposição se não houver capacidade de entender que informação é “inteligência” e não “produção de relatórios coloridos impressos para serem deixados sobre a mesa” – algo comum, e que talvez só perca para a pequena confusão que se faz entre serviço de inteligência (ou informação) com serviço de informática – fico só imaginando; ao invés de Agência Central de Inteligência (CIA), “Agência Central de Informática”, ou ao invés de Agência Brasileira de Inteligência (Abin), “Agência Brasileira de Informática”. É só ter alguns computadores sobre a mesa, uma impressora e telefone que logo o que deveria ser serviço de inteligência e informação se transforma, aos olhares desavisados, em serviço de informática.
Nada contra a informática, pelo contrário, mas confundir uma coisa com a outra é a mesma coisa de apertar parafuso com o dedo e rosquear botão de “power” com chave de fenda.
Interessante como o mundo evolui e o futebol, sob algumas perspectivas, teima em não acompanhar (“a gente tá na lanterna, do tempo que virá”). É claro que isso não cabe para todo mundo. Mas como poucos entendem realmente porque essa ou aquela equipe vence, ou porque esse ou aquele projeto dá certo, cada vez mais quem vence e dá certo vencerá mais e dará mais certo. Quando os outros acordarem, já terão levado embora a mesa do café da manhã e do almoço.
Muitas são as informações que em diversas esferas podem colaborar para o sucesso de uma equipe dentro de campo (e fora também).
Imaginemos por exemplo, um treinador, que ao entrar em campo sabe detalhes longitudinais de avaliações físico-técnico-táticas-mentais dos jogadores adversários, seus históricos e características; imaginemos a possibilidade de que seus jogadores possam conhecer exatamente o perfil do árbitro responsável pela partida, suas características, comportamento e padrões, e a partir disso definir certas estratégias de atuação; imaginemos que ele (o treinador) possa quase que prever quais serão as condutas do treinador adversário de acordo com cada situação do jogo, decisões e alterações; e que ele (o treinador) ainda conheça tudo sobre o ambiente do jogo e saiba exatamente o que dizer nas entrevistas pré e pós partida, de maneira planejada, e de forma que isso possa se reverter a favor de sua equipe. Quanto amplificadas ficariam as chances de vencer?
Seja qual for a esfera; do Gerente Executivo na sala de administração de um departamento profissional ao jogador de futebol dentro do campo, a informação privilegiada é fator determinante do êxito ou do fracasso.
Hoje, o VENCER o jogo dentro de campo taticamente começa fora do campo, com inteligência, com informações que “evitem tiros e economizem balas pegando o bandido antes dele agir”.
E para não parecer apenas um devaneio, posso dizer que os Serviços de Inteligência no futebol já existem (ainda que sejam pouquíssimos). E com maior ou menor competência e “inteligência” têm colaborado para que os êxitos de algumas equipes nas competições e na sua saúde financeira não sejam “anarquias do acaso”.
UMA DEIXA
Tive o privilégio de acompanhar de perto o trabalho do mais competente, inteligente e criativo Serviço de Inteligência voltado para o futebol que existe no Brasil (não tenho dúvidas que em breve será o mais completo e inteligente dentre todos de todos os continentes, com um banco de informações fabuloso – não estou exagerando – será o MI6 do futebol). Logo vamos ouvir falar dele.
Porém, por enquanto, como todo Serviço de Inteligência que se preze, faz um trabalho quase secreto (e também por enquanto, vai ficar assim).
Como está no futebol, obviamente, com freqüência é confundido com serviço de informática. Mas como ressaltam os “agentes” “Dyandrady”, “O B
ald” e “Sugarfree” (do mencionado Serviço de Inteligência), faz parte da estratégia permitir essa “confusão”.
ald” e “Sugarfree” (do mencionado Serviço de Inteligência), faz parte da estratégia permitir essa “confusão”.
É que no final eles sabem que o que precisam mesmo, é repassar a informação para quem pode recebê-la. E quem pode sabe bem a diferença entre o que é importante e o que é relevante, entre o que é prioridade e o que é emergencial, entre inteligência e informática.
Então como canta Lulu Santos; “Olha meu bem o céu; Vê quanta luz, quanta estrela; Quase todas mortas; Só não é chegado para nós o tempo que se apagarão; A gente tá na lanterna, do tempo que virá”.
Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br