Mas de onde será que surgiu tanta vontade assim para falar do lançamento?
Primeiro de tudo é um grande barato termos um espaço que sintetize o fenômeno que é o futebol no Brasil. Depois, a obra é uma das mais modernas que já se viu no país, completamente antenada com os recursos visuais que temos na atualidade. E, por fim, o projeto é capitaneado por uma empresa de mídia.
Sim, porque foi a Fundação Roberto Marinho quem bancou boa parte dos R$ 37 milhões que foram gastos para construir o museu. E, por isso mesmo, as Organizações Globo decidiram usar toda a sua força de mídia de massa para promover o Museu do Futebol.
Matérias nos seus veículos de mídia impressa e internet e, principalmente, ancoragem de programas nos mais variados canais do grupo integraram um pacote completo de promoção e divulgação do museu que fez com que todo o país soubesse que, no último dia 1º, o Museu do Futebol começaria a funcionar no estádio do Pacaembu.
Com a Globo puxando a fila, todos os outros veículos foram atrás da cobertura da inauguração do museu. Sim, porque a força da Globo impulsiona a cobertura de diversos outros veículos. Por isso mesmo, apesar de sua abertura ter sido na quarta-feira, o espaço contou com a presença de diversos visitantes. E como soubemos disso? Também pela imprensa…
A inauguração do Museu do Futebol pode ser usada como exemplo em aulas de marketing esportivo de como deve ser pensado um evento em conjunto com a mídia. Para que algo tenha sucesso de público, é preciso a divulgação pelos veículos. E aí está o grande gargalo que o esporte tem: como conseguir essa divulgação?
O caso do Museu do Futebol mostra que, para a mídia, o esporte tem de ser um produto, em que haja comprometimento do veículo em divulgá-lo porque isso gera benefício também a ele. E, além disso, é preciso ter conteúdo, para reforçar a cobertura jornalística em torno dele.
Por conteúdo entenda-se um bom jogo, uma boa disputa, emocionante. Por parceria, podemos dizer que é preciso fazer da mídia parte do negócio, mostrando os benefícios de aumento de audiência e, conseqüentemente, de anunciantes que ela pode ter com um evento.
O vôlei construiu sua história mais ou menos desse jeito. O futsal caminha para alguma coisa parecida. Nos anos 20, o futebol só decolou no Brasil a partir da junção com a mídia, que começava a dedicar páginas e mais páginas nos jornais para a modalidade, transformando-se nesse grande fenômeno de comunicação que é hoje.
Se o esporte começar a tratar a mídia como uma parceira cada vez maior para os seus produtos, o crescimento poderá ser ainda maior. Resta entender-se como produto e entender qual a função que a mídia tem nessa história. E aí é que está a dificuldade…
Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br