Em 2002, ganhou o bi com os pernambucanos. Em 2003, foi campeão gaúcho pelo Inter. No ano seguinte, outro título estadual, dessa vez a inédita conquista do Paulistão com o São Caetano, o único título do time do ABC. Em 2005, de volta ao Inter, foi campeão gaúcho e vice do Brasileiro. E, desde 2006, é campeão brasileiro com o São Paulo, com tudo para ser o primeiro tricampeão nacional da história neste ano.
Mas Muricy não gosta de fazer autopromoção, nem se veste de forma diferente do restante do time. Muito menos se preocupa em ser simpático com os jornalistas. Pelo contrário. Quase sempre fica fora de si com as intermináveis perguntas sobre sua instabilidade no cargo no Tricolor paulista.
Para piorar o caminho de Muricy como um “supertécnico”, quase todas as vezes em que foi campeão, o título foi creditado a fatores que não apenas o seu trabalho. Seja no emocionante fim de jejum do Náutico em 2001, ou até na vitória inédita do São Caetano, quando o treinador rompeu com o status quo do mundo da bola ao afirmar logo após o título.
“Foi ele quem montou o time e escolheu o elenco. Não sou como alguns técnicos que querem aparecer com equipes montadas por outros. O Tite tem muito mérito nesta conquista”, disse em entrevista ao Jornal da Tarde.
Com esse jeito mais fechado, pouco receptivo à badalação da imprensa, Muricy teve de traçar um percurso mais longo que os demais para se tornar um técnico badalado. Talvez até por não desejar ser tanto assim o centro das atenções. Ou então pode até ser uma estratégia para não cair na mesmice que infla egos e desmonta times como temos visto ultimamente.
O fato é que Muricy é o melhor técnico em atividade no Brasil já há alguns anos. E essa “coroa” é especialmente válida porque ele é um dos poucos treinadores de times de ponta que não faz questão de culpar arbitragem após a derrota, ou a jogar contra a diretoria quando é pressionado por resultados, ou então a dizer que o seu cargo é sinônimo de instabilidade.
Pelo contrário. Muricy sempre demonstra fidelidade ao seu empregador. Não alardeia tanto isso, mas segue o contrato assinado. Recusa propostas de fora porque sabe a importância de se manter um trabalho coerente. E, naturalmente, consegue as conquistas.
Não é o título que faz de Muricy o melhor técnico do Brasil. Mas são as vitórias que coroam um “trabalho de formiga” que colhe os seus frutos na baixa da estação. Sem megaproduções, mas com a sinceridade de quem sabe que trabalhar é o melhor caminho para ser bem sucedido.
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