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Hoje minha coluna terá desenho diferente. Será informativa, mas não serão minhas as palavras que conduzirão seu conteúdo.

Apresentarei (com os devidos ajustes a “língua portuguesa brasileira”) um pequeno trecho do livro “A justificação da Periodização Tática como uma fenomenotécnica: a singularidade da intervenção do treinador como a sua impressão digital” escrito por Carlos César Araújo Campos e publicado pela MCSPORTS em novembro de 2008.

Trata-se de uma das entrevistas realizadas pelo autor e apresentada no terceiro anexo presente no livro. O entrevistado é Rui Faria (adjunto de José Mourinho que vem acompanhando o treinador ao longo dos anos e hoje esta com ele na Internazionale de Milão).

Obviamente não tenho intenção de fazer propaganda do livro. Mas como o tema “periodização no futebol” tem “pegado fogo” na Universidade do Futebol nas últimas semanas (e sendo eu um dos incendiários), boto mais lenha na fogueira e sugiro sim, que quem puder, leia o livro.

Pergunta: Mas estando a top, onde qualquer detalhe é decisivo, não sente necessidade de uma individualização do treino com recurso a máquinas de musculação, piscina e personal-training… Insisto nisso porque somos confrontados diversas vezes, mesmo dentro da nossa Faculdade, com fato de vocês no Chelsea, utilizarem este tipo de recursos? Confirma isso? Em que moldes o faz?

Rui Faria: Só por idiotice e falta de rigor científico se pode afirmar uma coisa dessas porque a necessidade em termos de evolução do jogo é de tal ordem que não temos tempo para pensar nesse tipo de particularizações e nessas questões. A nossa perspectiva de trabalho não fomenta isso porque não acredita que isso possa privilegiar em termos de rendimento; e como o que nós queremos é rendimento e isso passa por organização; é de extrema idiotice por em causa ou dizer-se – e eu não sei onde se foi buscar essa idéia – que temos personal-trainers ou fazemos musculação. É uma falta de rigor científico enorme fazer-se comentários desse gênero pois quando nós já não temos tempo para treinar aquilo que é fundamental para nós, quanto mais para treinar coisas que não fazem parte da nossa forma de pensar o treino; portanto elas não fazem parte da nossa natureza mesmo que tivéssemos tempo e que fique bem claro que elas não existem na nossa forma de treinar! Volto a repetir que só por idiotice e por falta de rigor científico é que as pessoas podem dizer que tínhamos personal-training ou que fazíamos treinos na piscina!

Aliás queria te pedir para que, quando fosses novamente confrontado com essas afirmações, convidasses essas pessoas a fazer um estágio conosco para saber qual é a nossa realidade e para terem maior rigor quando fazem esse tipo de observações. Não temos que provar nada a ninguém nem temos necessidade de dizer que fazemos coisas que depois na realidade não fazemos, portanto até me dá vontade de rir quando me dizes que ouves isso.

O principal responsável era o treinador e em seguida era eu e como segundo responsável da estrutura técnica afirmo que é ridículo pessoas dizerem que fazemos um determinado tipo de coisas que na realidade não fazemos! Quem não acreditar pode vir observar e constatar o que estou a dizer.

É fácil perceber que durante um processo de reabilitação médica, existam jogadores que tenham, pela forma como o departamento médico se organiza, responsáveis pelo seu processo de reabilitação, de superação da lesão, e estes jogadores eram entregues a elementos do departamento médico que tinham em determinadas horas o cuidado de tratar deles e atividades para fazer com jogadores sendo que aí sim, utilizavam os meios que eles consideravam serem importantes para a sua recuperação mas aqui os jogadores não estavam a trabalhar no terreno, não estavam entregues a equipe técnica pois estamos a falar do processo de recuperação funcional e biomecânica. A partir do momento em que os jogadores estavam recuperados funcionalmente e voltavam para o terreno, todo o trabalho era progressivamente específico em termos de modalidade e Modelo de Jogo.

Não temos necessidade de provar nada a ninguém, até pelo trajeto que temos feito, nem temos necessidade de dizer que fazemos uma coisa e fazermos outra só porque nos lembramos de dizer que somos diferentes. Nós somos efetivamente diferentes e para as pessoas que não conseguem perceber essa realidade é-lhes mais fácil dizer que nós somos iguais a eles do que dizerem que trabalhamos duma forma diferente porque só sabemos como eles treinam mas eles desconhecem completamente a nossa forma de operacionalizar o treino. (páginas 187 e 188).

Então senhores, continuemos com as nossas reflexões…

Nas próximas quatro semanas as Colunas Táticas entram de férias, mas em fevereiro voltam a todo vapor. Bom início de ano a todos!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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