Nas últimas semanas, os jornais brasileiros destacaram, até pela falta de assunto generalizada no esporte, a corda-bamba em que vive o treinador brasileiro. Recém-contratado a peso de ouro, Felipão encontra um grupo rachado, um dono de clube com menos dinheiro após a queda mundial das bolsas e uma situação muito difícil de trabalho.
E, muito provavelmente, alardeia o noticiário de cá, Felipão será demitido do Chelsea. É só uma questão de tempo. Ou de Roman Abramovich conseguir um bom treinador para o seu lugar. Ou de clube e treinador acertarem a redução da multa rescisória do contrato e darem um “tchau” mais amigável.
Mas será que, de fato, existe algum problema no time do Chelsea? Felipão teve enormes dificuldades em seu começo na seleção de Portugal. Da mesma forma, penou no início mais do que turbulento de trabalho no time do Brasil (quem não se lembra da derrota para Honduras?!?!?!). E, igualmente, levou um pouco mais de tempo para engrenar com Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio.
Começo de trabalho, com Luiz Felipe Scolari, geralmente é marcado por um período de ajustes, de conhecimento, de “começo de trabalho”. Como em qualquer área, início sempre é período de adaptação, de ambientação, de aprendizado.
A cultura européia permite que um treinador passe por um início um pouco menos brilhante do que o esperado. Brasileiros e russos talvez não tenham muito esse tipo de paciência. Para sorte, ou competência, de Felipão, o lugar que ele escolheu para treinar é dominado por um inglês. Sim, porque Peter Kenyon é o CEO do Chelsea.
E, por ter trabalhado no Manchester, em que o treinador está há mais de 20 anos no cargo, sabe que, no futebol, início é período de vacas magras. E olha que ainda Felipão não jogou as oitavas-de-final da Liga dos Campeões para ver se o vento, de fato, não vira a seu favor…
É uma questão de estilo. Não de urgência.
Para interagir com o autor: erich@cidadedofutebol.com.br