Sábado, 19 de setembro de 2009. O dia em que o futebol mundial levou uma grande lição de moral ao vivo e a cores.
Esperando pelo início da transmissão da Bundesliga, pela ESPN Brasil, do jogo entre Bayern de Munique e Nuremberg, o corretivo aplicado em todos aqueles que estavam presentes no Allianz Arena calou fundo em todos os que estão envolvidos no futebol – por amor ou por profissão.
Na semana anterior ao jogo, um cidadão alemão de 57 anos – e nem importa para qual clube torcia – foi interpelar um grupo de jovens que estavam atormentando crianças numa estação de trem da cidade. Resultado do ato de cordialidade e humanidade: covardemente agredido até a morte.
O diretor do Bayern, Uli Hoeness, logo após a entrada das duas equipes em campo, foi ao centro do gramado e, de microfone em punho, relatou o episódio triste.
Entretanto, a atitude que chamou a atenção, verdadeiramente, foi o discurso firme, rigoroso, dirigido genericamente a todos os torcedores do país, para banir a hostilidade do futebol e conviver em respeito, harmonia e, sobretudo, civilidade.
Todos atentos, jogadores perfilados, um minuto (inteiro) de silêncio, com a foto da vítima da violência no telão do estádio. Grande exemplo de civilização, a partir de um episódio de barbárie protagonizado por um diretor de um dos maiores clubes de futebol do mundo que, com a necessária humildade e a firmeza dos líderes, conclamou a todos para refletir e agir para transformar positivamente o contexto.
No Brasil, cansaríamos em tentar listar os exemplos recentes de violência entre torcedores, não-torcedores, violência geral, no contexto do futebol.
Violência não apenas no sentido físico, mas moral. Ou as palavras de Helio dos Anjos não desrespeitaram ninguém? E as constantes vaias e xingamentos sofridos por Richarlyson vindos das organizadas do São Paulo? E o que dizer de pesadíssimas críticas irresponsáveis de jornalistas que detêm as tribunas em caráter exclusivo e não outorgam defesa aos profissionais do esporte?
Aqui, nossos diretores dão exemplo, sim: invadem vestiários com seguranças armados para achacar a equipe que não ganha os jogos dentro de campo…
“Civilização” e “barbárie” são palavras com significados opostos.
A primeira é uma palavra que denota qualidades e se remete ao bem – educados, os que vivem em sociedade e que se adequam a padrões gerais pré-estabelecidos.
Por outro lado, “barbárie” é o estado em que vivem os sem-educação, violentos, cruéis, os que não se adequam a padrões gerais pré-estabelecidos pela sociedade.
A conclusão sociológica de que o povo brasileiro é pacífico está mais do que correta.
Vou além e digo que é passivo, não pacífico. Não costumamos formar líderes com poder de transformação social. Desistência prevalece sobre resistência.
Ajude-me a concluir se nosso futebol caminha para a civilização ou para a barbárie.
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br