Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Diz a história que, certa vez, o presidente Juscelino Kubitschek, cansado das críticas insistentes de um jornalista, convidou-o a passar um dia como presidente da República. Golpe de mestre de JK, a história que passou é que, a partir dali, o antes ferrenho opositor se tornou um grande defensor da maneira como o presidente governava.

Durante anos, Luiz Gonzaga Belluzzo foi opositor de Mustafá Contursi no Palmeiras. Talvez, até, o melhor opositor da história palestrina. Belluzzo já reclamava de Mustafá mesmo nos tempos das vacas gordas da Parmalat, quando o resultado dentro de campo apagava muitas coisas ruins que aconteciam e que a série B foi mostrar que existiam.

Pois bem. Foram quase 10 anos entre o golpe que fez de Mustafá presidente mumificado no posto dentro do Palmeiras e finalmente a chegada de Belluzzo à tão sonhada cadeira de presidente.

Carismático dentro e fora do Palestra Itália, Belluzzo representava uma “novidade” no futebol, de tanta má fama criada pelos cartolas que governam pelo poder, e não para o clube.

Mas o final deste primeiro ano de mandato de Belluzzo deixa aquele gosto amargo na boca de quem sonhava com renovação. Sim, sem dúvida foram feitas diversas mudanças dentro do Palestra Itália desde a chegada do novo comandante. O time passou a sonhar e disputar títulos, voltou a ter ambição de ser grande, pensou em se modernizar com o projeto da nova arena, tenta implementar uma política de corte de custos para equacionar as finanças, etc.

Só que Belluzzo deu a cara a tapa, literalmente. E foi no dia em que saiu da condição de presidente do clube para ser um torcedor comum, um apaixonado irracional com a dor e a frustração de uma derrota.

Os xingamentos de Belluzzo a Carlos Eugênio Simon seriam até aceitável se fosse um comentário de um apaixonado, como quando o hoje governador José Serra disse, lá em 1998, que o Palmeiras só seria grande se tivesse um técnico que pensasse grande. Coisa de torcedor apaixonado. No ano seguinte, Serra vibrou com o título da Copa Libertadores ganho pelo Palmeiras de Felipão, o técnico que pensava “pequeno”.

Só que Belluzzo não está nas tribunas como um mero torcedor. Ele é o comandante do barco, o responsável por passar ao clube (funcionários e associados) e à torcida a serenidade e, principalmente, a confiança de um chefe.

Por mais que seja bem intencionado, Belluzzo não pode achar que ainda está na cadeira do torcedor. Seu lugar é mais em cima, é na presidência. A irracionalidade do torcedor deve ser esquecida, sob qualquer pretexto, qualquer hipótese.

O stress que o cargo de presidente de clube traz a um torcedor apaixonado que lá chegou é imenso. Andres Sanchez e Marcio Braga que o digam. Ambos tiveram de ficar um tempo afastado do cargo por problemas de saúde. Só que os dois tiveram outro mérito que está presente no cartola tradicional. Saber zelar pela instituição que dirige.

O maior mérito de Belluzzo é ser um presidente de clube com um projeto de governo, e não de poder. A ele, não interessa continuar sentado na cadeira o maior tempo possível, a qualquer custo, mesmo que seu time de coração vá para a segunda divisão.

Só que, enquanto estiver na cadeira, Belluzzo e qualquer outro presidente de clube têm de pensar na instituição que representa, ser coerente com as dificuldades inerentes ao cargo, saber respeitar o erro dos outros e lamentar a derrota.

Porque é, no mínimo, incoerente um presidente dizer que daria uma bofetada na cara de um sujeito num dia e, nem duas semanas depois, demitir dois de seus funcionários que fizeram exatamente o que ele tinha dito que faria.

Cadeira de presidente, de fato, não é fácil…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso