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Eu não gosto de acadêmicos em geral.
Dou um desconto para aqueles do samba.
Talvez, na verdade, meu problema não seja com as pessoas. O meu problema é com a academia em si, e não propriamente com os acadêmicos.

Isso, porque eu tenho a sincera sensação de que a academia serve normalmente para muita pouca coisa com raríssimas e honoráveis exceções.
Na verdade, a academia muitas vezes me parece um lugar onde as pessoas falam palavras difíceis para justificar discussões que não levam a lugar nenhum. Só que as palavras difíceis fazem com que você pense que de fato se está chegando a algum lugar.

É como comparar o Big Bang Theory com o Seinfeld. Os dois não falam sobre absolutamente nada, mas o primeiro usa palavras muito mais complicadas, apesar do segundo ser bem mais engraçado.

Eu, que sou muito parecido com uma mórbida mistura de Howard Wolowitz com George Constanza, ando caminhando para a conclusão de que o que eu escrevo serve na melhor das hipóteses para nada. Mas como sou um pseudo-acadêmico, talvez eu devesse começar a escrever com um linguajar um pouco mais complexo e com uma estrutura um pouco mais acadêmica para que as pessoas passem a achar que aquilo que eu escrevo serve para alguma coisa. Vamos tentar:

O futebol brasileiro – um esporte originalmente bretão que, por sua estrutura peculiarmente simplificada e pela coincidência histórica, foi disseminado, assumido, absorvido e minimamente transformado por quase todo o conjunto sociocultural global pós-revolução industrial, dentre os quais, com particular significância, o conjunto brasileiro recém libertado da dominação colonial portuguesa – possui uma potente atmosfera fiscalizadora de funcionamento, definida aqui como a compreensão dos diferentes públicos que não estão diretamente envolvidos na estrutura interna do fenômeno, mas sim na sua parte ausente, ainda que devidamente inter-relacionada, como, por exemplo, mais evidente, a imprensa. Essa atmosfera clama há anos por uma série de mudanças dos processos econômicos e administrativos de tal fenômeno no afã de poder presenciar processos e estruturas semelhantes a outras regiões globalmente dominantes, notadamente os quase onipotente colonizadores econômicos e culturais localizados nos continentes ao norte de nossa localidade.

Das inúmeras vozes presentes dentro desse lépido organismo, a mais preponderante é, seguramente, aquela derivada da escola kfouriana, que, dentre as inúmeras redações publicadas até o presente o momento, comparou o futebol local ao basquete estadunidense em uma coluna escrita em 1995. Nela, expressava o seguinte: “Por que não temos nada nem parecido, algo que dê ao futebol a qualidade técnica e a dimensão de negócio há muito trabalhadas pelos sobrinhos de tio Sam?”.

Tal utopia foi, vinte anos mais tarde, espelhada e repetida pela escola márciobraguiana, que também defendia a estruturação do futebol sob os mesmos moldes, o que poderia ser considerada uma perfeita consonância da realização da dialética marxista, uma vez que tal conclusão é proveniente de pólos opostos de influência. Não tardaria, portanto, para que tal situação se tornasse verdadeira.

E eis que, em 2010, o futebol tupiniquim, tão conclamado a buscar a excelência dos fundamentos e padrões referenciais exteriores, deu possivelmente um dos primeiros sinais de que a filosofia demandada talvez tenha se tornado o pensamento reinante e, como tal, passou a produzir manifestações derivadas da natureza inequívoca do processo referencial. Entretanto, tal manifestação está longe de ser um objeto de apreciação, e sim um efeito significativamente menos do que positivo que usualmente imaginado, e aqui não é possível qualquer tentativa repreensiva, uma vez que ele é derivado de um processo reconhecidamente natural de negligenciamento do complexo holístico envolvido em qualquer busca por referenciais.

A manifestação em questão é a constante mudança de localidade da realização de partidas de futebol de grandes organizações esportivas que são seduzidas pelas diferentes ofertas de núcleos governamentais que ambicionam a colheita de frutos que possam gerar dividendos políticos por conta da hospedagem de disputas esportivas com ampla significância nacional. Dentro da disputa entre os pólos políticos, que indubitavelmente obedece aos processos há tempo descritos por Neumann e Morgenstern, há um processo natural e peculiar já de certa forma aceito pelo mercado referencial supramencionado, mas que ainda tarda para ser incorporado aos costumes e à cultura esportiva local. Dessa forma, o clamor recorrente por elevação dos padrões contemporâneos de operação local das variáveis incidentes sobre a manifestação esportiva deve ser mantido e fortalecido, mas a compreensão sobre os aspectos negativos relacionados a tal referencial não pode ser ignorado, sob o risco de inequívocas exposições contraditórias.

Viu?
Acabei de dissertar sobre a mudança do Barueri para Presidente Prudente e sobre o fato do Corinthians sair do Pacaembu para jogar em Barueri.
Na melhor das hipóteses, não vai servir para nada.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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