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O que aconteceu na última quarta-feira pela Liga dos Campeões da UEFA, segundo pesquisas sismológicas, gerou até uma espécie de mini-terremoto na região próxima ao estádio quando o Barcelona fez seu sexto gol. A emoção foi delirante quarta passada. E realmente, por tudo que aconteceu, deve ter gerado mesmo pequenos tremores, algo que é habitual em alguns shows de Rock. Olha, se acontecer um jogo em cada continente, no mesmo dia e no mesmo horário, com esse perfil, existe o risco de um terremoto de verdade acontecer. Coisas invisíveis do futebol.

Extraindo a brincadeira um pouco sem graça, virar uma eliminatória de Champions League, após ter perdido por quatros gols na primeira partida, não é tarefa tão simples assim. Novamente, méritos da Escola Barcelona, seus êxitos e suas reformulações adaptativas no decorrer dos anos. E foi uma noite de emoções a flor da pele para todos no Camp Nou, especialmente para a comissão e os jogadores que canalizaram toda cobrança do jogo anterior e transformaram em resiliência para o jogo seguinte. Algo impressionante mesmo.

Bem, ambas as equipes foram do céu ao inferno nessa eliminatória. Ninguém esperava o que aconteceu nem no primeiro e nem no segundo jogo. O futebol proporciona fatos realmente que poucos esperam. E analisar esses fatos antes ou depois de certa forma soa como fácil ou simplista.

Essa situação demonstra que o futebol vai muito além do que se pensa, enxerga, comenta e escreve sobre ele. Antes de qualquer aspecto, ele é dos jogadores, de suas capacidades e complementaridades, desconsiderando um pouco os estereótipos e jargões populares, conceituais e científicos que cercam esse fenômeno e o tornam engessado. E nesse último jogo, o brasileiro Neymar deu algumas provas disso.

https://www.youtube.com/watch?v=dFbY_oVpGOc

Mas o que aconteceu nesse jogo? Dia inspirado do Barcelona, fator mental positivo ou negativo do jogo passado, falhas individuais do PSG, erros do trio de arbitragem, magia imprevisível do jogo, entre outros. Tudo isso pode ter acontecido e aconteceu. Mas mais que isso, a equipe do Barcelona teve desde o jogo contra o Celta pelo Campeonato Espanhol uma mudança posicional-estrutural-funcional de alguns jogadores gerando novas interações, automaticamente nova estrutura e uma nova postura mental. Já a equipe do PSG, ao contrário, pareceu mais receosa que confiante após a brilhante vitória de 4 x 0, modificando algumas interações macro e meso-micro, enfraquecendo algumas relações vitais de seu jogo.

Modificações estruturais-funcionais do primeiro para o segundo jogo|Fonte: site alemão spielverlagerung.de
Modificações estruturais-funcionais do primeiro para o segundo jogo|Fonte: site alemão spielverlagerung.de

 
 
Claro, não é fácil e nunca será fácil jogar contra o Barcelona no Camp Nou. E os jogadores do PSG sabiam disso. Antes do jogo, num jantar recreativo, alguns jogadores bateram um papo informal sobre as expectativas do jogo. Falaram sobre os 20 primeiros minutos, sobre Naymar e seu 1 x 1, e que acreditavam que dessa vez passariam de fase pelo placar construído. Mas não conseguiram.

(Crédito: vídeo retirado da página pessoal de Vitor Sergio Rodrigues|Reprodução: Facebook)

Depois do fato consumado, fora do campo, fica muito mais fácil criar conspirações. E de tudo isso, uma grande reflexão pode ser levantada e idealizada por vários ângulos. Pegando apenas um ângulo, não criticando o treinador Unay Emery que faz um grande trabalho há anos no futebol e sabendo da dificuldade que é jogar contra o Barcelona, usando apenas o exemplo desse confronto, num geral como treinadores, temos que perceber que muitas vezes inibimos ou afloramos a capacidade dos jogadores com nossas escolhas.

Evidente que no futebol, especialmente profissional, os jogadores devem estar preparados para vários cenários. O grande problema persiste no conservadorismo habitual de algumas decisões em competições eliminatórias. Uma mudança de postura pelo resultado conseguido é algo que realmente garante o resultado posterior? O que realmente é ser estratégico?

Por mais que na maioria das vezes as mudanças são mais locais, feitas em linhas, zonas, jogadores e posturas, essas reestruturações de certa forma induzem a afobações cognitivas e especialmente mentais dependendo da sua constituição. E é aí que entra os fatores da barreira mental. E o futebol com medo, o medo de perder mais nítido. E isso corrompe um pouco as ideias e a capacidade de quem pratica.

E quem realmente deveria ter ficado assustado, com medo, era o Barcelona que estava numa situação adversa. Mas pareceu que o medo de perder o controle do resultado fez o PSG perder o controle dos jogadores e suas relações que foram fluidas no primeiro jogo. E isso paralisa, atrofia o jogar, a criatividade, o real valor dos jogadores e exclui todo um cenário que foi construído previamente com fulgentes boas conjunturas.

Para a torcida do PSG, que ficou do êxtase ao calvário em poucos dias, mais do que cair fora dessa forma, o que mais deve ter doído não foi perder, foi ver a equipe não jogar como viu no primeiro jogo e como os jogadores deixaram de expressar suas capacidades.

E esse jogo foi único no mundo inteiro com esse perfil? Aspectos como esse acontecem semanalmente no mundo inteiro, seja em partidas eliminatórias, em partidas únicas, dentro da história individual de um jogo, em jogos dos campeonatos de base e aconteceram bastante no passado.

Está nítido que o medo é como um iceberg, visível para todos, mas internamente, no âmago, nas entranhas, ele é realmente muito grande. A dignidade de jogar bem, de não ter medo, está cada vez mais extinta no futebol. É claro: e se o PGS do primeiro jogo fosse o mesmo no segundo, o que aconteceria? Não existe essa possibilidade, será? E o jogo já estava 4 x 0. Foi salto alto? O lado imprevisível do jogo? A qualidade supersônica do Barcelona? Ou simplesmente o medo? O que é realmente ter medo? O medo de perder tira a vontade de ganhar? O Barcelona eclipsou o medo e novamente vai buscar seu lugar ao sol.

Abraços e até a próxima quarta!

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