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Juan Román Riquelme e Cesc Fàbregas em entrevistas ao treinador argentino Angel Cappa para o livro “Hagan Juego” de 2009, explanaram de forma madura suas visões de futebol. Jogadores de grande nível, inteligentes, de refinamento técnico, mostraram discernimento apurado para a tendência e filosofia de futebol que mais se identificavam.

Juan Román Riquelme

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Juan Román Riquelme |Crédito: Alejandro Pagni/AFP

“Eu não posso falar do futebol de 40 anos atrás, mas é verdade que hoje os jogadores correm mais. Hoje em dia escutamos muito que a culpa é dos preparadores físicos, que se corre mais por que os jogadores estão mais bem preparados. Quando eu tinha 16/17 anos, e não tinha ainda debutado na primeira divisão, já jogava três horas com a bola e não me cansava. Ia para casa, comia, jogava mais três horas e não me cansava. E eu fazia isso todos os dias. Às vezes dizem que só podemos jogar um jogo de futebol por semana, e eu penso que é por que corremos mal e não por que um jogador é melhor ou pior preparado para jogar futebol. Claro, é necessário o preparador físico para que estejamos melhores, mas a verdade é que se joga mal.

A primeira vez que estive na Europa, a pré-temporada parecia rara, pois foi leve. Usamos o campo inteiro e com bola. Havia circuitos, freávamos, saltávamos, acelerávamos e finalizávamos para o gol. E, como jogadores, confundimos as coisas, por que acreditamos que correndo até acima da montanha e descendo, vamos driblar melhor. Não é assim. Eu penso que estamos dando pouca importância para a bola, e estamos tratando cada vez pior a bola. Já não nos divertimos tanto. Vamos ao gramado e lá vejo caras de preocupação mais que de alegria. Para mim, de segunda a sábado trabalho com um sentido, em um bom sentido, mas no domingo já não, é o dia mais lindo que eu desfruto.

Agora não se fala mais de jogar, quase ninguém fala em jogar uma partida de futebol, mas sim quem vai ganhar: a equipe que está mais concentrada, que cometa menos erros, essas coisas, que são esses pequenos detalhes que vão ganhar uma partida. Para mim, vai ganhar a equipe que joga melhor.

Há equipes que quando estão perdendo de 1×0 custa sair do planejado por que não estão preparadas para atacar. E atacam mal. O tema passa por não confiar na criação e preferir a especulação. E, eu não sei se o problema de jogar mal ofensivamente é apenas relativo ao entendimento de espaço. Para mim há um problema mais grave que é que não sabemos passar a bola. É difícil encontrar três passes seguidos. Eu vejo as vezes que o defensor não gosta de ter a bola. Temos medo de arriscar”.

Cesc Fàbregas

Cesc Fàbregas | Crédito: Hamish Blair/Getty Images
Cesc Fàbregas | Crédito: Hamish Blair/Getty Images

“No Barcelona, desde pequeno, trabalhamos a técnica. Os treinamentos eram todos com bola: controle, movimentos. Era muito divertido. Desfrutava muito. De trabalho físico, nada de nada. E essa é a cultura no Barcelona. E, quando vou para a seleção, aprendo muito com Xavi e Iniesta. São médios que tocam, que se movem, que buscam os espaços, e noto que gostam de futebol, por que nas concentrações assistem e conversam muito sobre futebol.
Aqui no Arsenal, é parecido, e desfruto desse futebol por poder tocar tanto na bola. Todos os jogadores são importantes, todos tocam na bola, trocamos ela de lado, realizamos paredes, combinações. Sinto-me identificado, por que é um jogo que todos da equipe gostam. E, muitas coisas saem naturalmente na nossa equipe por que temos pouco tempo para treinar. Jogamos a cada três dias, e um dia de descanso, outro de recuperação e na prévia se prepara a partida.
Aqui tenho liberdade, posso baixar e receber, ir para cima, posso arriscar dez passes e ninguém tira a minha liberdade. Gosto de arriscar. Minha forma de entender o futebol é arriscar. Se eu dou para o lateral e ele me devolve, arrisco e cruzo o campo com um passe. Também tenho a obrigação de defender, e isso está me obrigando a subir e descer, ir de área em área. Para o meu futuro é muito bom.
Como jogadores o melhor que podemos fazer é desfrutar em campo. Há treinadores que falam que o único que vale é ganhar, e eu respeito. Mas eu não me sinto muito identificado com isso. Ganhar é importante, mas não o único. Sentir-se bem também é importante. Deve-se ter amor pelo jogo. Eu vim para o Arsenal por que tem um treinador que acredita em mim para demonstrar meu valor. O dinheiro vem depois, se você merecer. Eu, ao menos, quando jogo mal, fico muito preocupado”.
Abraços a todos e até a próxima quarta!

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