A coluna da semana passada falou sobre cultura e filosofia de trabalho, baseado em missão, visão e valores que condizem com o planejamento estratégico da organização esportiva, neste caso específico, um clube de futebol. A demanda por resultados e a pressão – tanto interna quanto externa – afastam boas práticas da gestão do esporte, conduzem ao imediatismo e afunda o futebol em dívidas astronômicas que comprometem seu crescimento e desenvolvimento. Entretanto algumas mudanças acontecem e sinalizam um outro cenário.
Em primeiro lugar, os clubes que pertencem a uma empresa. Não aquelas empresas que assumem o departamento de futebol de algum clube, mas sim um conglomerado empresarial que tem o futebol de rendimento como um dos seus produtos, que está mais preocupado e atento a boas práticas de gestão – baseados em um planejamento estratégico – do que propriamente o resultado. Claro, ele também é importante, mas será atingindo mediante processos previamente definidos e, acima de tudo, respeitados.
Uma segunda mudança aconteceu com o Figueirense, de Florianópolis. Transformou-se em sociedade anônima recentemente e trabalhará com o futebol do clube nos próximos vinte anos. Pelo contrato, os novos gestores têm que terminar o ano no “azul” e querem passar longe de depender das receitas de televisão, venda de jogadores e depender de estatuto. Querem criar o próprio conteúdo e maximizar os rendimentos.
O terceiro exemplo vem de algumas federações de futebol que passam a estabelecer no regulamento de alguns torneios a permanência da comissão técnica de uma temporada para a outra. Em um primeiro momento pode ser visto com desconfiança, mas na verdade isso permite um trabalho planejado.
Onde se quer chegar com tudo isso? Todas estas iniciativas levam o esporte no Brasil – e especificamente o futebol – a um direcionamento para encontrar uma filosofia e cultura de trabalho baseada em valores e princípios que, a prazo irão atuar de maneira a deixar clara e evidente a essência do futebol deste país. É uma realidade ideal, mas não a atual. A pressão por resultados, sem importar os meios, existe e é enorme. No entanto é preciso quebrar paradigmas – como os exemplos acima – para crescer.