O enredo do futebol brasileiro é composto por heróis. Personagens que tiveram destaque e conduziram suas equipes a vitórias e títulos. Historicamente, esses salvadores vinham na figura de jogadores: Pelé, Garrincha, Romário, etc, são lembrados até hoje por “ganharem uma Copa do Mundo sozinhos”. É claro que dizer isso é muito raso, simplista e despreza toda a coletividade e rede de relações que envolvem um time de futebol. Mas, de um jeito ou de outro, a paixão do torcedor se alimenta por reverenciar essas grandes individualidades.
E, de uns tempos para cá outra categoria de profissionais passou a ganhar essa paixão desenfreada: os treinadores! Se relembrarmos que há algumas décadas, o bom técnico era aquele que ‘não atrapalhava’ e só ‘distribuía coletes’ é um avanço e tanto! E é com essa aura, de salvador da pátria, que Fábio Carille retorna ao Corinthians.
É claro que os resultados de Carille foram espetaculares no Timão. E ele ganhou com desempenho, convencendo, sendo melhor. A equipe corintiana campeã brasileira em 2017 e bicampeã paulista não dava espetáculo, porém mostrava uma consistência interessante com e sem a bola. E como toda análise deve ser complexa e multifatorial era interessante ver como Carille conduzia as relações com seus jogadores após vitórias e derrotas. Era tudo bem amarrado!
Mas, assim como na vida, no futebol o sucesso de ontem não é garantia de vitória hoje. Carille retorna ao clube não mais como um interino efetivado por falta de opção. Ele volta para ser o escudo mais garantido para uma diretoria fragilizada e que não tem a mínima condição se reforçar consistentemente o atual limitado time corintiano.
Carille terá que apresentar novas competências para um novo momento. E tenho dúvidas se o inesperado retorno, após uma má sucedida carreira internacional, vai funcionar. Tanto para o clube. Como para o treinador.
Sozinho, ninguém faz nada no futebol. Por mais ídolo que seja.