Em relação à temporada passada, a CONMEBOL promete ser mais rigorosa com o comportamento do torcedor nas bancadas da nossa querida América do Sul. O número de itens proibidos aumentou, e o padrão de tamanho das faixas e bandeiras adota medidas internacionais: 1m x 1,5m. Acabariam, com isso, os bandeirões e as enormes faixas que as torcidas levam aos estádios. De imediato veio em mente a dos “Los de Abajo”, da La U, estendida no Estádio Nacional, em Santiago. Também se proíbem os assentos provisórios e é exigido wi-fi nos recintos esportivos, quer seja para uso da imprensa quanto da torcida.
Certamente muitos pensarão que com estas medidas o futebol sul-americano perderá a sua identidade, a festa e a alegria das bancadas. Dissociar estes detalhes da modalidade como é vivida neste canto do mundo é algo muito forte. Nas nações desta região, os clubes são importantíssimos na constituição da sociedade, quer seja local, regional ou nacionalmente. Ademais, o risco de perder o brilho é alto, bem como o da atmosfera, que quem joga diz ser única.
Entretanto, há um outro risco pelo qual a CONMEBOL não quer passar novamente, acredita-se. A ‘novela’ da decisão da Taça Libertadores, no ano passado. Momentos antes do segundo jogo que deveria ter sido disputado no campo do River Plate, os futebolistas do Boca Juniors foram ameaçados, alvos de violência, vítimas de agressões físicas que – sem exagero – poderiam ter levado à morte. Para não mencionar os erros da segurança e se lembrar que o jogo era de torcida única, justo motivo para conter a violência.
Desta maneira entende-se o porquê de medidas tão drásticas. Uma hora ou outra isso aconteceria porque o futebol sul-americano é sempre teatro das situações mais extremas do futebol mundial. Uma hora vê-se o maior espetáculo do futebol, com o perigo de, no mesmo jogo, viver ou ver um episódio de violência que pode te marcar para sempre.
Portanto, estas medidas – com punição imediata e eficaz (não a como aconteceu com Marcelo Gallardo, treinador do CA River Plate, depois do jogo contra o Grêmio, pela semi-final da Libertadores) – são justamente para conter esta visível escalada da violência nos estádios dos principais clubes da América do Sul. Existe um sistema corruptor e corruptível difícil neste momento de ser mudado. Tal mudança só ocorrerá a partir do momento em que a instituição for atingida financeira e esportivamente, além de adotar uma cultura de mercado a fim de atender os interesses e necessidades dos torcedores que consomem ou são potenciais consumidores.
Recintos seguros e confortáveis são capazes de atrair mais público, gerar mais rendimentos para parte dele ser investido na equipe, a fim de proporcionar melhores espetáculos esportivos. Um bom jogo de ser visto em um lugar bacana, faz o torcedor ter vontade de estar lá e dizer ao mundo que lá está.
E, para isso, vai ser preciso wi-fi.