Já chegou ao Ministério da Justiça representação para a constituição de uma força-tarefa a fim de investigar lavagem de dinheiro no âmbito dos clubes, empresas e pessoas que atuam no futebol brasileiro. É dito que existe interesse público porque, além de haver recursos públicos no esporte, a modalidade possui grande papel na cultura brasileira. A lembrar o filósofo português Manuel Sérgio, “o futebol é um serviço público”.
Ora, em boa hora chega esta representação. Na justificativa para o Ministério da Justiça, usa-se a argumentação do desprestígio e declínio do futebol de seleção e de clubes do Brasil; pelo êxodo de jovens futebolistas; por mais crianças que acompanham clubes e campeonatos estrangeiros em detrimento dos brasileiros.
Antes disso, o zelo com a gestão do esporte brasileiro, especificamente o futebol, potencializa as oportunidades e é capaz de aumentar os rendimentos. Ao mesmo tempo, a transparência na publicação e justificativa dos gastos prioriza áreas estratégicas e premia a condução de projetos com método com vistas à excelência. Em outras palavras, exalta-se o profissionalismo, expressão comum dentro da transformação proposta por todos.
Uma profunda investigação no futebol do Brasil é capaz de gerar um movimento transformador, das entidades de prática e administração esportiva operarem de fato em um ambiente de mercado, competitivo e de livre concorrência. De não depender de recursos públicos e de fontes privadas de adiantamento de recursos que, de certa maneira, mantém conectados interesses escusos e alheios às boas práticas de gestão do esporte.
Com tudo isso, da mesma forma que no fim dos anos 80 e início dos 90 o “Relatório Taylor” foi o pontapé inicial da transformação da organização do futebol da Inglaterra, não é arriscado pensar que uma operação “Lava Bola” pode ter o mesmo efeito por estas bandas e repercutir em todo o esporte do Brasil. Como processo, a boa gestão será ainda mais valorizada, bem como a formação específica em Gestores do Esporte.
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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“Você não precisa ter sido um cavalo para tornar-se um jóquei.”
Arrigo Sacchi,
treinador de futebol, questionado pelo fato de ser treinador sem ter sido futebolista.