Nas últimas semanas foi praticamente impossível esquivar-se das notícias que envolveram o futebolista Neymar fora das quatro linhas. A coluna não tratará especificamente sobre o que aconteceu, mas buscará analisar como isso mexe com o marketing do futebol e sobretudo o do próprio profissional do futebol.
Assim como referido em colunas anteriores, a sociedade confere bastante confiança e reconhecimento a um ídolo. Em contrapartida um ídolo é referência e possui responsabilidades com a sociedade. É, para muitos, um ideal ético e estético. É pessoa pública e tudo o que faz monitorado não por poucos, mas por todos.
Ao mesmo tempo, alguns pensadores sobre marketing esportivo dizem que o ídolo completo é composto por elementos que compõem as letras da palavra “TOPSTAR”. “T”, de team, sobre possuir espírito de equipe. “O”, de off-field life, ou seja, sobre “a vida fora de campo”. “P” se refere, em inglês, aos atributos físicos do ídolo. “S” em relação ao sucesso. “T” de transferência, ou seja, uma característica do ídolo que se conecta com o fã. “A” de idade, quanto mais novo, mais ligado às crianças. Finalmente o “R” é a reputação. A partir disso, podemos fazer um exercício com vários atletas que temos como referência. Poucos são os que encaixam em todas as letras.
Assim como qualquer pessoa, o atleta profissional precisa estar atento a este tema. Afinal, as organizações esportivas – potenciais empregadoras dos seus serviços – levarão em consideração o espírito de equipe, a conduta, as condições físicas e a reputação para contratá-lo. Dificilmente apenas a confiança e reconhecimento de outrora bastarão. Afinal, talvez nem estejam preocupados em associar a marca da instituição ao atleta, mas o quanto ele pode agregar para o quadro de colaboradores, colegas em campo e os que atuam fora dele. Capaz de conturbar e perturbar o ambiente que, ruim, não é nem um pouco produtivo. Com o tempo, é natural que o valor de mercado do atleta e da instituição caiam.
Portanto, ser profissional não basta ser pago para trabalhar. A palavra possui um amplo sentido, sobretudo o de fazer valer a sua vocação. A base para tê-la é a educação, quer seja formal ou aquela que vem dos nossos grupos de convívio. Infelizmente, vivemos em uma sociedade tão consumista, gananciosa e individualista que instituições bastante importantes – como a família – estão em crise e valores como o respeito e o discernimento, cada vez mais raros. Problema muito mais sério do que se pensa.
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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“O Barcelona não precisa do Neymar. O Barça tem gente muito boa. Para que gastar dinheiro? A não ser que ele jogue para a equipe e para o Messi.”
Johann Cruyff(1947-2016), em declaração de março/2013, antes de o brasileiro
ter sido transferido ao clube catalão/espanhol em agosto/2013.