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Dia desses assistia a uma transmissão em canal estrangeiro de partida de futebol de torneio sul-americano (não me lembro qual). Havia um clube brasileiro que estava jogando, mas a partida não era no Brasil. Narrador e comentarista começaram a falar sobre o estádio onde estava sendo o jogo, a qualidade do campo e em como isso interfere no jogo e no desenvolvimento do futebol de rendimento, na possibilidade de potencialização das receitas a fim de colaborar com a própria modalidade.
Em um dado momento, os comunicadores mencionaram o Flamengo campeão mundial de 1981. Lembraram-se dos 3 a 0 na decisão do antigo mundial interclubes, no Japão, sobre os ingleses do Liverpool. Acrescentaram que atualmente uma equipe da América do Sul repetir o marcador sobre uma da Europa é praticamente impossível. Não deixa de ser verdade.
Isso deixa muita gente inquieta, inclusive quem escreve esta coluna, na procura de respostas. Em uma análise, as reflexões conduzem a uma ausência de profissionalismo. Alto lá. Isso não significa que:
1) não se observa um aumento desta dinâmica profissional no futebol do Brasil;
2) antes os triunfos dos clubes da América do Sul significava um maior profissionalismo do futebol dessa região.
A começar pelo item dois, não é isso mesmo. Não havia cultura organizacional por lá, muito menos por aqui. Tudo era nivelado “por baixo” então os triunfos sul-americanos eram mais comuns, em que algumas vantagens competitivas daqueles tempos eram a mais-valia. Sobre o item um, sim, acontece, de maneira esparsa. Alguns mais, outros muito mais. A maioria não muito e a grande maioria muito menos.
Em outros textos já refletimos que o futebol está caro. Quer seja pela pressão do ambiente de mercado ou na ampliação das “partes interessadas”, aos dirigentes das “antigas” de alguns clubes passou a pesar no bolso a manutenção no poder. Sim, foram repetidas as aspas porque existem duplo sentido nestas palavras. Com isso os patrocinadores perderam o interesse em anunciar as suas marcas. Boa parte da torcida, contrariada com o excesso de poder dos mesmos dirigentes e cansada das condições dos estádios, calendário, formato de torneio e qualidade do jogo, passou a estar menos presente nos jogos, a optar por outros tipos de lazer. Numa análise superficial a Inglaterra passou por este processo durante os anos 1990: o da estruturação dos clubes em um ambiente organizacional, de mercado, de ampla concorrência e livre iniciativa.

Lance do jogo de 1981 mencionado no início da coluna que gerou a reflexão. (Foto: Divulgação)

 
Esta coluna semanal acredita que não são todos os clubes mais populares do Brasil que desfrutam deste processo de profissionalismo. Alguns, sim. Outros, também, no entanto numa relação de mecenato que sustenta uma cultura organizacional. Pois bem. Portanto, há sim um profissionalismo cada vez maior em marcha, com mais especialistas em gestão, comunicação, e treinamento. A prazo, com trabalho e paciência, a cultura organizacional torna-se a tônica e as entidades de prática e administração do esporte, clubes e federações respectivamente, poderão concentrar-se no jogo a fim de desenvolvê-lo.
Aí sim – se isso for o mais importante – triunfos internacionais poderão voltar a ser mais comuns.

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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:

“Para que cem se entreguem à cultura física, é necessário que 50 pratiquem esporte. Para que cinquenta pratiquem esporte, é necessário que vinte se especializem. Para que vinte se especializem, é necessário que cinco sejam capazes de proezas espantosas.”

Pierre de Coubertin, um dos fundadores do Olimpismo na era moderna, em 1931

 

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