O futebol é o esporte com mais apaixonados mundo afora muito por conta da sua imprevisibilidade. Assistir um jogo tem sempre uma dose de emoção por conta de não necessariamente sabermos se o melhor time vai vencer. Veja que eu me referi a um jogo. Durante 90 minutos tudo pode acontecer. Mas quando abrimos o leque e olhamos para algo mais macro, como um campeonato, a conversa muda. Vão chegar nas cabeças das competições aqueles clubes que forem mais competentes nas esferas técnicas, financeiras, administrativas, jurídicas, etc. Os amadores ficarão pelo caminho. Independente da aleatoriedade do jogo, dentro das quatro linhas.
É normal os torcedores renovarem suas esperanças em um ano novo. Todos consideram que os seus respectivos clubes são os maiores do mundo e cada um tem motivos plausíveis para essa afirmação. Respeito cada argumento. Mas acabo não concordando muito porque no final das contas todos os motivos são muito parecidos entre si.
A paixão, porém, deve ficar de lado e basta uma reflexão simplória para ver que apenas alguns clubes têm brigado efetivamente por títulos. Na Europa, há muitos anos isso acontece. No Brasil, é um fenômeno mais recente. Mas que já é uma realidade. Teremos oito times brasileiros na Libertadores deste ano. Mas nem todos brigarão efetivamente pelo título. Vinte clubes vão disputar a Série A do Campeonato Brasileiro. Destes, mesmo já em janeiro, coloco apenas três ou quatro na briga real pelo caneco.
Longe de mim querer ser estraga prazer no meu primeiro texto de 2020. Entretanto, pegue aí, torcedor: qual título relevante seu clube ganhou nos últimos três anos? Isso vai dizer muito sobre como serão as próximas temporadas…
O objetivo aqui é ser genérico pois entendo que dessa forma consigo abordar melhor a relação gestão x resultado, mas vou me permitir abrir alguns parenteses. Por exemplo, o Cruzeiro foi bicampeão da Copa do Brasil e na sequência rebaixado no Brasileirão. O Corinthians vem “apenas” de dois títulos estaduais depois ganhar o campeonato nacional em 2017. Cada caso é um caso, um bem diferente do outro, mas no fundo vamos voltar no que coloquei lá no primeiro parágrafo sobre competências nas esferas técnicas, financeiras, administrativas e etc e etc…agora, no outro lado do espectro, vamos olhar para a solidez de Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Atlético-PR…não tenho a menor dúvida que esses clubes terão um ano com chances reais de protagonismo.
Não vou engessar minha análise. Posso errar redondamente. Quem sabe o Cruzeiro não protagoniza a maior reviravolta e ganha tudo o que disputar, incluindo a necessariamente dura Série B? Ou quem sabe o Flamengo não seja rebaixado em todos os campeonatos que disputar (falando, claro, dos que têm rebaixamento!)?! Exageros a parte, o tal futebol globalizado, que uns amam e outros odeiam, tem vários efeitos colaterais. Um deles é a separação de quem trabalha com profissionalismo daqueles que se apagam, amadoramente, apenas às glórias do passado.