Arbitragem, a equipe esquecida

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Atualmente o futebol sofre com constantes questionamentos sobre a arbitragem em suas competições estaduais, nacionais e internacionais. São inúmeras reclamações e sentimentos de perda por parte dos clubes quanto a decisões equivocadas dos árbitros de futebol em todo o mundo.

Mas, sabemos exatamente as condições nas quais esses seres humanos que compõem esta equipe estão atuando? Sim, chamei de equipe, pois é exatamente assim que podemos denominar a arbitragem de uma partida. Uma terceira equipe que atua em conjunto com outras duas que disputam o jogo. Como os membros desta equipe são preparados para serem mediadores de um esporte que envolve uma quantia gigantesca de valores monetários e que se relaciona diretamente com a paixão dos torcedores?

Podemos definir o árbitro como sendo aquele que as federações, confederações ou mesmo as ligas nomeiam em comum acordo para resolver o pleito, o jogo. Sendo essa pessoa de extrema importância poderíamos compreender que este esteja apto a iniciar sua carreira apenas com pré-requisitos como ser maior do que 18 anos, ter ensino médio e ter um curso de arbitragem? Seria esta pessoa capaz de mediar um evento que envolver grandes quantias monetárias e interesses políticos? Penso que não meu caro leitor.

Os árbitros deveriam dedicar tempo adequado aos treinamentos e a preparação tanto quanto os próprios atletas, mesmo porque atuam dentro do espaço de jogo envolvido diretamente com os jogadores dentro de uma partida.

Reflita sobre a seguinte situação: o árbitro de futebol atua também em outra área profissional, o que de maneira geral faz com que ele tenha uma dupla jornada de trabalho para ser um árbitro no futebol profissional.

É preciso entender que este ser humano precisa de preparo específico e desenvolvimento técnico e comportamental adequado para atuar no melhor de sua forma dentro do jogo, tal qual o atleta de futebol necessita. Mas ao invés deste cenário, temos árbitros em muitos casos despreparados e com base reduzida de conhecimento das regras atuando por todo o país e decidindo pleitos, inúmeras vezes de forma equivocada.

Na questão do preparo do árbitro no Brasil vou citar, entre tantas outras, a questão dos processos cognitivos da arbitragem, uma vez que este atua predominantemente tomando decisões situacionais dentro da partida e essa atuação impõe ao árbitro uma tripla exigência de decisão nos parâmetros de tempo-espaço-situação. Sendo estes processos cognitivos então de grande importância para a ação humana, principalmente na ação esportiva.

Para facilitar a compreensão os processos cognitivos são, por exemplo, o conhecimento, a percepção, a atenção, a concentração, a memória e o pensamento. Em relação ao conhecimento podemos entender que é um importantíssimo processo cognitivo, pois pode ser o fator que mais acompanha o árbitro em toda a sua carreira. Sabendo que uma pessoa só consegue perceber melhor algo do qual ela tem conhecimento, um árbitro poderá perceber se foi ou não pênalti, por exemplo, se ele já possuir consigo o conhecimento das regras do que é ou pode ser considerado pênalti.

A memória e o pensamento estão ligados ao conhecimento, formando a base para o processamento de informações. A recordação e o reconhecimento são processos de busca da informação na memória de ímpar importância na arbitragem, ao identificar um padrão de comportamento o árbitro pode tomar uma decisão de maneira mais rápida e eficiente.

O árbitro é um tomador de decisões situacionais, por este motivo os processos cognitivos anteriormente comentados, mas não de maneira exaustiva, são importantes na atuação deste durante o jogo. Ele tendo o controle de suas emoções e sua preparação em alto nível possibilitará que, durante uma partida com sequência de acontecimentos e ações, possa tomar suas decisões sob parâmetros com percepção e análise de um momento estático do jogo, tal qual a observação de uma fotografia.

Penso e compartilho a crença de que é inevitável promovermos no Brasil uma revisão ampla sobre o tema arbitragem no futebol, inclusive abordando a questão da profissionalização da carreira de árbitro.

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br

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