As estruturas móveis e as potencialidades do sistema

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Nos últimos tempos, as concepções de vida e, consequentemente, do futebol, evoluíram. As contribuições científica-teórico-práticas do paradigma emergente, que analisa os fenômenos sob o ponto de vista da complexidade se estendem ao futebol, proporcionando novos olhares para o jogo e para o treino da modalidade.
Sob a perspectiva sistêmica, as equipes de futebol devem ser compreendidas como um sistema (conjunto de elementos em interação) que, através da gestão dos seus processos de configuração, liderados pelo treinador, apresentam estrutura e função muito bem definidas, independentemente dos julgamentos de valor que podem ser estabelecidos.
Dentre os processos de configuração do sistema, é missão do treinador dar ordem à equipe num contexto de imprevisibilidade e caos permanentes, uma vez que no sistema Jogo a mudança contínua do local da bola e o sistema adversário exigem reajustes que tendem ao desequilíbrio, principalmente se faltarem aos jogadores (elementos em interação) referências individuais e coletivas para solucionarem os problemas que o jogo lhes impõe.
Na operacionalização da organização da equipe construída no treino, a priori não existe estrutura (esquema tático) inicial melhor ou pior. São as funcionalidades e interações de cada elemento que darão vida ao sistema e poderão expressar um nível de jogo que pode variar do anárquico ao elaborado, de acordo com a qualidade das relações e soluções estabelecidas.
Na tentativa de potencializar as propriedades do sistema é função do treinador se valer de mais uma contribuição da teoria da complexidade que afirma que o TODO pode ser maior ou menor do que a soma de suas partes.
Não há dúvidas de que para potencializar um sistema, a meta do treinador deva ser fazer com que o produto final da sua equipe (nível de jogo apresentado), ou o TODO se nos valermos dos conceitos de sistema, seja maior do que a simples soma de suas partes (os jogadores).
Existem inúmeros procedimentos complexos (físico-técnico-tático-psicológicos) que devem ser construídos no dia-a-dia de atividades com o elenco para atingir este objetivo e um deles diz respeito à forma de atacar predominante assumida pela equipe.
Resumidamente, existem três formas de uma equipe desenvolver sua organização ofensiva (e aqui não estamos classificando os tipos de ataque – contra-ataque, ataque rápido, ataque posicionado), são eles:
1 – Ataque sem referências zonais
2 – Ataque zonal com estruturas fixas
3 – Ataque zonal com estruturas móveis
Conceitualmente, construir uma equipe que tenha um ataque zonal com estruturas móveis parece ser uma ótima maneira de potencializar as propriedades de um sistema. O ataque zonal permite o estabelecimento de padrões de ocupação do espaço que, uma vez reconhecidos e aplicados pela equipe, do plano individual ao coletivo, podem diminuir os desequilíbrios gerados pelo ciclo do jogo (ataque-transição-defesa-transição). Ao mesmo tempo, as estruturas móveis, (que significa a equipe manter organização zonal com alternância dos jogadores em cada uma das referências zonais assumidas pela equipe quando ataca), dificultam a organização defensiva do adversário, pois um jogo com este formato está intimamente associado a um jogo de mobilidade com trocas de posição. Tal mobilidade pode aumentar os desequilíbrios no sistema adversário.
A competência geral para jogar futebol exige das equipes a capacidade de recusar inferioridade numérica, evitar igualdade numérica e buscar superioridade numérica nos setores-chave que se desenvolve o jogo e que se alternam a cada instante.
Respondendo à pergunta do início do texto sobre a possibilidade de poder jogar com mais de onze jogadores, logicamente a resposta é não! No entanto, é perfeitamente possível, durante os 90 minutos, jogar com mais jogadores que o adversário. Engraçado, não?
Como atacam suas equipes?
Abraços e até a próxima!

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