Confronto de gigantes

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A BSkyB, mais conhecida apenas como Sky, sempre dominou o futebol inglês. Aliás, foi a grana depositada por ela que permitiu que o futebol daquelas bandas se reerguesse no começo da década de 1990. A Sky salvou o futebol inglês, e o futebol inglês também acabou salvando a Sky, que hoje está em diversos cantos do mundo, inclusive, sabe bem você, no Brasil.

Quando a Sky comprou os direitos de transmissão da Premier League, ela estava na beira do abismo. A dívida da empresa era absurda e ela não conseguia atrair consumidores que estivessem dispostos a pagar pelo conteúdo que ela oferecia. Ela precisava ampliar a sua programação com produtos de qualidade. E com urgência. Por isso que ela quase triplicou os direitos da Premier League. Quando ela assegurou a exclusividade sobre o futebol na televisão inglesa, a venda das antenas explodiu. A partir daí, foi lucro após lucro, ano após ano. Seu dono, Rupert Murdoch, só é o magnata midiático que é por causa da Sky. E a Sky só é o que é por causa do futebol inglês.

Pois bem. Alguns anos depois, a ITV, um canal aberto inglês, tentou fazer a mesma coisa que a Sky fez. Na verdade, a ITV sempre foi a dona do futebol inglês, em conjunto com a BBC. Ela era a detentora dos direitos da primeirona inglesa até a chegada da Sky. Depois, ficou apenas com a seleção inglesa e com a FA Cup, dois subprodutos. E eis que, em 1999, ela resolveu lançar um canal fechado e pagar 250 milhões de libras pela exclusividade da transmissão da Segunda Divisão da Inglaterra, de forma a popularizar a sua nova plataforma. Logicamente, não deu certo. Em 2002 a ITV Digital, o novo canal, foi fechado.

A Sky nunca se incomodou muito com a ITV, mas o sucesso da ITV Digital poderia significar certa concorrência. Como ela quebrou, a Sky seguiu tranquila o seu reinado, até o momento em que a Comissão Européia mandou a Premier League acabar com o monopólio da Sky e dividir os direitos com outras emissoras. A PL dividiu o calendário em seis pacotes de jogos, dos quais uma emissora poderia comprar no máximo cinco. A Sky comprou quatro, os mais importantes. Os jogos menores, dois pacotes de 23 partidas cada, ficou com a Setanta, uma rede irlandesa que começava a querer dar passos maiores no mercado. Além da Premier League, a Setanta também comprou uma série de outros eventos esportivos, como o campeonato escocês.

Mas eis que os dois pacotes de jogos, menores, não foram o suficiente para que a Setanta popularizasse o seu canal. Como não é barato comprar direitos de transmissão do futebol inglês, ela acabou dando um calote na Premier League. Logo depois, decretou falência. Os clubes escoceses entraram em desespero, porque não iriam mais receber pela transmissão do campeonato, o que implicaria na falência de diversos clubes. Alguns clubes ingleses temiam seguir o mesmo caminho.

Mas, eis que surgiu a ESPN e comprou os direitos da Premier League da ITV. Pela primeira vez, a gigante mundial manifestou seu interesse em começar a dar passos maiores no mercado europeu. Diferente da ITV e da Setanta, a ESPN é uma rede consolidada, de alcance global, e possui diversos canais de financiamento. Ajuda, e muito, fazer parte do grupo Walt Disney.

A Sky deve entrar em desespero. É a primeira vez que a competição se acirra dessa maneira. Dentre as diversas previsões possíveis, a mais provável é que, caso a ESPN realmente queira entrar no mercado inglês e europeu, os valores dos direitos da Premier League vão disparar. Se o montante pago já é alto e significativamente superior aos outros mercados europeus, a tendência é que fique ainda maior. Nada mal para tempos de crise.

Pena que o futebol escocês não possa dizer o mesmo.

Para interagir como autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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