Despedida?

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Escrevo aqui há quase cinco anos.
Durante o tempo que publiquei minhas colunas, o Brasil perdeu duas Copas.
Zica pura.

Zica e tempo. Bastante tempo.
Quando comecei, não tinha nem barba.
Continuo não tendo, mas o bigode pelo menos cresce com maior frequência.
Também achava que sabia bastante de futebol.
Não sabia. Continuo sem saber.
Vou aprendendo aos poucos, como todo mundo.

Quando comecei por aqui, tinha recém começado meu PhD.
Agora, com a minha tese chegando aos finalmentes, ainda bem, é hora de eu começar a pensar em passar o bastão.

O espaço é muito nobre. E o tempo é muito exíguo para escrever algo mais elaborado, ou minimamente menos esdrúxulo do que aquilo que eu vinha conseguindo produzir.
Estava fraco e inconstante. É um sinal de que é hora de pedir substituição.

Há uns seis meses, assumi uma responsabilidade que me toma qualquer tempo minimamente sensato de me portar como uma pessoa comum. A falta de tempo chega a ser ridícula. Não tem como pensar em nada que não seja em dormir. Não tem como sequer tentar pensar em um assunto que possa ser do interesse dos alguns que imagino que leem o que escrevo. Depois de quase cinco anos, sinto que a repetição me afetou. Para piorar, questões profissionais cerceiam muitos temas que poderiam ser debatidos com maior intensidade em outra situação. Os assuntos rarearam. As colunas também.

Nesses quase cinco anos, devo ter escrito mais de duzentas colunas. Dessas, pela minha contagem, no máximo dez se salvam. E olhe lá. Escrevi até sobre velocidade de olas, se não me falhe a memória. Mas a batalha incessante sempre foi pela busca pela razão. Porque o futebol não é uma caixinha de surpresa pra quem procura saber o que está fazendo. Mas pra isso tem que estudar. Tem que ler. Tem que aprender. E tem que conseguir analisar a fundo. Sem imediatismos. Sem superficialidades. Sem opiniões pessoais. O fato objetivo é o fato. A subjetividade lhe distorce. E qualquer coisa subjetiva está mais do que sujeita a não representar as coisas como elas verdadeiramente são. Nada mais fatal para um mercado. O futebol que o diga.

Não sei dizer se isso aqui é uma despedida, até porque vou continuar a colaborar com a Universidade do Futebol. Serei apenas mais esporádico, se é que isso é possível. Mas vou dar um passinho pra lá para abrir uma vaga para alguém certamente muito mais competente e capaz. Aqui, haverá uma troca de seis por uma dúzia.

Não acho que minha coluna cumpriu seu papel, uma vez que o futebol ainda é uma zona. Também não imagino que muita gente vá se preocupar com a minha ausência. Mas pelo menos pude fazer dos poucos leitores alguns bons amigos que hoje geram riquíssimas trocas de ideia e de conhecimento. Que é, no fim, o que a indústria precisa para conseguir evoluir. E ela vem evoluindo. Em passos lentos, por vezes contrários, mas uma evolução mesmo assim. E vai melhorar. Profissionais estão sendo formados. Responsabilidades estão sendo criadas. Compromissos sérios estão sendo assumidos.

Em cinco anos, a indústria evoluiu significativamente. Espero ter contribuído pelo menos um mínimo com isso. É certo que em cinco anos, ela vai evoluir ainda mais. Ainda assim, minha barba não terá crescido.

Veremos.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br  

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